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EUA se retiram da OMS

A saída dos Estados Unidos da OMS (Organização Mundial da Saúde), assinada pelo presidente americano Donald Trump nesta terça (21), deve prejudicar o financiamento na prevenção e combate de doenças como a poliomielite, Aids e Mpox em todo planeta. O país era o maior doador e um dos fundadores da organização criada em 1948.

Entre 2022 e 2023, os americanos repassaram 1,2 bilhões de dólares para a OMS, ou cerca de R$ 7 bilhões. Cerca de 42% dos recursos eram destinados ao controle de doenças no continente africano, com países com altos índices da Aids e surtos recentes de Mpox.

A organização de saúde é financiada por países ligados à ONU (Organização das Nações Unidas). Os membros fazem contribuições obrigatórias, mas os doadores se tornaram a principal fonte de renda, com poder para sugerir o destino dos investimentos.

Do valor enviado à OMS, 14,8% do repassado pelos EUA entre 2022 e 2023 foi para a erradicação da poliomielite no mundo. A paralisia infantil é uma doença viral, atinge membros inferiores e voltou a ser uma emergência global da OMS em 2014.

A retirada do financiamento americano deve afetar o combate à doença em zonas de conflito armado na África e Oriente Médio, locais com dificuldade para manter o programa de vacinação, afirma a professora da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) e vice-presidente do Instituto de Relações Internacionais na universidade, Deisy Ventura.

Em comunicado, a OMS afirmou que lamenta a saída dos Estados Unidos e destaca que o país foi um dos principais articuladores da instituição após o fim da Segunda Guerra Mundial.

"Nós esperamos que os Estados Unidos reconsiderem a decisão para que possamos, juntos, manter um diálogo construtivo e de parceria em benefício da saúde e bem-estar de milhões de pessoas ao redor do globo", acrescentou a instituição.

Além dos EUA, entre os que mais doam estão a Alemanha (em segundo lugar) e instituições privadas, como a Fundação Bill & Melinda Gates, encabeçada pelo fundador da Microsoft e pela ex-mulher, a filantropa Melinda Gates.

Por Marcos Candido (Folhapress)