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Aumento populacional da Barra traz desafios na mobilidade urbana, segurança e meio ambiente

Por: Mariana Aguiar

A chamada "Miami Brasileira" é um bairro que abriga não só uma faixa de areia considerada a maior da cidade do Rio de Janeiro, mas é um polo para os principais shopping centers da cidade e, também, espaços que recebem grandes eventos nacionais e internacionais. Como um centro que contribui diretamente para a economia e o turismo do Brasil, existem também as responsabilidades que chegam junto aos bônus do local.

Segundo o censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasieliero de Geografia e Estatística), o bairro possui cerca de 150 mil moradores, com uma tendência de crescimento. Esta expansão urbana pode ser observada cada vez mais por meio dos problemas que a região tem enfrentado com relação a mobilidade urbana, preservação do meio ambiente e segurança pública.

Medidas para o combate ao trânsito na Barra da Tijuca

Com o aumento populacional diversas demandas chegam à região, entre essas condições está a melhora da mobilidade urbana das grandes avenidas da Barra da Tijuca, como por exemplo a Av. das Américas que possui um volume diário de 150 mil automóveis, de acordo com a Prefeitura do Rio. O alto número de carros circulando causa engarrafamentos, principalmente, em horários de pico e atrapalha o trânsito na região e a circulação para outros locais que são acessados a partir desta via, como os bairros da Zona Oeste.

Segundo o subprefeito da Barra da Tijuca, Leandro Marques, a melhora na mobilidade urbana inclui ações tanto em um plano macro, que envolve novos viadutos, rotatórias e outras construções maiores, além, também, de mudanças menores que são impostas para amenizar o trânsito no dia-dia, como tempo dos semáforos. "Temos vários planos de mobilidade na região que estão sendo levantados e estudados para que possamos trabalhar para liberar o trânsito", afirma o subprefeito.

Relação da Subprefeitura com os desafios relacionados ao comércio irregular

Outro ponto de demanda que chega à região, são os comércios irregulares em locais proibidos e sem a devida documentação. Em conversa com a subprefeitura da Barra da Tijuca, fica constatado que diariamente acontecem operações para combater essa situação e oferecer apoio para esses vendedores.

"Entendendo que as pessoas também precisam trabalhar, a gente tenta dar condições para essas pessoas trabalharem, orientando eles a fazerem da forma correta, se legalizando, tirando seu alvará para que funcione perfeitamente", conta o subprefeito da Barra da Tijuca, Leandro Marques.

Em setembro, a Subprefeitura do Rio de Janeiro interditou três bares e notificou outros cinco estabelecimentos na Av. Olegário Maciel, um dos pontos mais procurados para a noite na Barra da Tijuca. A ação ocorreu após denúncias públicas para a Central 1746, por motivos relacionados ao manuseio indevido de alimentos e funcionamento de restaurantes sem autorização.

Abrigos, apoio e assistência: Como a Barra tenta lidar com a crise social

Segundo pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2022, existiam cerca de 290 mil pessoas em situação de rua no Brasil, esse número teve um aumento de 38% em relação a 2019, ano anterior à pandemia do Covid-19. Assim como a tendência nacional, a região da Barra da Tijuca também sofre com pessoas em situação de rua em espaços públicos e tem sido uma solicitação constante que chega à Subprefeitura.

A logística por trás da retirada de indivíduos sem-teto das ruas envolve questões sociais, educacionais e de infraestrutura que, muitas vezes, não podem ser solucionadas com uma operação, dependendo, principalmente, do desejo dos cidadãos em situação de rua de saírem de tal cenário.

Com o apoio e coordenação da Subprefeitura existem operações realizadas pela Secretaria Municipal de Assistência Social para encaminhar pessoas em situação de rua para abrigos que oferecem auxílio para a retirada de documentos, possíveis oportunidades de empregos e alimentação. "Nós fazemos um trabalho maravilhoso com assistente social. Costumamos fazer operações em vários pontos aqui do nosso bairro, mas, infelizmente, alguns locais tem a presença constante de pessoas em situação de rua", afirma Leandro Marques.

Plano Verão busca alcançar um aproveitamento máximo de todas as partes

De acordo com a Prefeitura do Rio, por meio da Riotur e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, prevê-se que no verão de 2026 o Rio receba cerca de 5,7 milhões de turistas e esse número se expressa nas diversas medidas que são coordenadas para a época mais calorosa do ano. O chamado Plano Verão acontece tanto na delimitação para o turismo quanto nas questões ambientais que são diferentes do resto no ano.

Na Barra da Tijuca, as problemáticas se repetem, as chuvas de verão costumam alagar ruas da região devido a não limpeza de bueiros que acumulam folhas durante o ano. Pensando nisso, o Plano Verão têm o intuito de preparar esses locais para esta época, com ações de limpeza das tubulações das ruas garantindo que quando as chuvas de verão cheguem a região, isso não interdite nenhuma via devido a alagamento.

No último verão, a Subprefeitura em conjunto com a Comlurb realizou a limpeza de ralos, bueiros e canaletas para o melhor escoamento de água em caso de chuvas. Durante a operação foram mais de 80 pontos de limpeza em locais estratégicos como Av. Lúcio Costa, Av. das Américas, Av. Gláucio Gil, entre outros.

Outro ponto de preocupação são os ônibus turísticos que não costumam respeitar as leis de trânsito e estacionam em locais proibidos. Esse tipo de violação faz parte do que o Plano de Verão busca evitar, por meio de multas e alertas constantes do que pode ou não ser feito na região. "A gente já sinalizou para essas empresas de ônibus os locais que eles podem parar. Então, as opções são Riocentro, o próprio Parque Olímpico. São locais que a gente vai direcionar para esses ônibus estacionarem", afirma Marques.

Os impactos da expansão urbana no meio ambiente

A Barra da Tijuca, originalmente, era um refúgio em meio ao caos da cidade grande, porém com o tempo e a expansão urbana para além do Centro e Zona Sul, cada vez mais a Zona Oeste (com foco na Zona Sudoeste) foi perdendo seu fator ambiental e se tornando um centro urbano.

Em um episódio de mancha de poluição na Lagoa da Tijuca em 2020, o Grupo de Trabalho em Meio Ambiente da sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) apontou que o complexo lagunar em questão recebe a décadas resíduos domésticos e industrial nas lagoas e ainda cita um estudo da Fiocruz, em conjunto com o especialista Mario Moscatelli, sobre os riscos que frequentadores das praias na região podem enfrentar por meio da contaminação.

Entre iniciativas da Prefeitura, em conjunto com instituições especializadas, o intuito é aumentar o número de ações que gerem impacto nas lagoas da região. Em 2024, a Iguá, empresa responsável pela operação de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário na Zona Sudoeste, deu início a um investimento de R$250 milhões na revitalização das lagoas e canais, sendo esse um dos principais pontos citados no contrato de concessão da empresa. Uma parte do material dragado está se transformando em três novos manguezais. No total serão recuperadas mais de 3 km de margens da Lagoa da Tijuca, com plantio de 240 mil mudas de espécies nativas, colaborando com o equilíbrio do ecossistema da região.

Um dos projetos que vem chamando atenção da população nos últimos meses é a do Transporte Aquaviário no complexo lagunar da Zona Sudoeste e implica no que sua existência significa para a saúde ambiental da região. "O projeto de transporte lagunar, com certeza vai cuidar mais ainda (das lagoas) e a gente vai ter, futuramente, esses espaços públicos para conhecer mais esse mundo que a gente não conhece tanto, pelo menos, quem não costuma andar por ali", afirma Leandro Marques.

O papel da Subprefeitura como instituição de apoio ao morador

A Subprefeitura da Barra da Tijuca é um órgão dentro da Prefeitura do Rio de Janeiro que fica responsável pela administração dos bairros da Área de Planejamento 4.2, que inclui Barra, Recreio e Vargens. Dentro desta delimitação a subprefeitura atua mediando a comunicação e as demandas dos cidadãos com os órgão executivos municipais. "Todas as demandas que chegam aqui eu procuro fazer ação. Eu mesmo tento ir nas operações e na verdade eu sou a ponte; Eu (a subprefeitura) chamo os órgãos, a SEOP, Guarda Municipal, quem for preciso e juntos vamos para o local identificar a demanda", conta Lezinho.

Outro papel desempenhado na subprefeitura, diz respeito à relação do órgão com as associações de moradores da região, tendo uma parceria constante e um diálogo direto que promove ações e decisões positivas para a população. "As associações são excelentes; eu tenho uma ótima relação com todos, esse foi um trabalho que eu fiz desde o início, que eu cheguei aqui", afirma o subprefeito.