Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | A tinta da caneta da ministra Gleisi Hoffmann

Câmara quer avaliar o poder de Gleisi no governo | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda ressabiado e surpreso com a nomeação de Gleisi Hoffmann para o comando do Ministério das Relações Institucionais, o Centrão quer agora saber a quantidade de tinta que haverá na caneta da ministra.

A pergunta é simples: ela vai ter autonomia e autoridade para garantir o cumprimento de acordos com o Congresso?

Seu antecessor, Alexandre Padilha — deslocado para o Ministério da Saúde —, ganhou fama de ser bom de conversa, mas péssimo no cumprimento de acordos, daí as críticas que recebia do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Havia então um consenso de que as iniciativas de Padilha acabavam barradas pelo Planalto, em especial, pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.

 

Briguenta

O jeito briguento de Gleisi, sua vinculação a um petismo menos conciliador e a desconfiança de que ganhou o ministério para resolver a própria sucessão na presidência do PT aumentam a desconfiança em relação à sua gestão. Na dúvida, o Centrão quer esperar pra ver.

Conciliador

Um deputado do grupo destaca que, em seu segundo mandato, Lula fez uma opção mais política para o cargo: chamou o deputado José Múcio, então no PTB de Roberto Jeferson. De trajetória conservadora, o hoje ministro da Defesa era líder do governo na Câmara.

Opção Alckmin começa a ser falada no Congresso

Defensores de impeachment de Lula exaltam vice | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O parlamentar ressalta que Lula não está em condições de arrumar mais confusão na política — e ressaltou que Gleisi foi chefe da Casa Civil no primeiro mandato de Dilma Rousseff, que acabou vítima de impeachment depois de reeleita.

O mesmo deputado que citou o impeachment de Dilma ressaltou que o vice-presidente Geraldo Alckmin seria um presidente muito mais palatável do que Lula.

Admite que Alckmin é ministro, tem boas relações políticas e pessoais com o titular do Planalto: nada indica que ele seria capaz de imitar Michel Temer e partir para articular a queda de Lula. "Mas...", complementa.

Visita

Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcanti (RJ) quer que Jair Bolsonaro procure o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), assim que este se recupere de uma cirurgia cardíaca. O motivo vai além da cortesia — tem a ver com a política.

Dono dos votos

Para Sóstenes, o Republicanos, com seus 43 deputados, terá papel fundamental numa eventual votação da anistia aos condenados e investigados pela tentativa de golpe de Estado. Segundo ele, serão necessários 257 votos, número que corresponde à maioria absoluta.

Peso das penas

Um deputado do Republicanos diz que seu partido votaria pela anistia — afirma que as penas pesadas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal têm papel decisivo nessa decisão. Para ele, o presidente da Câmara, Hugo Motta (PB), deverá colocar o assunto em pauta.

Peso das ruas

Mas — olha o "mas" de novo aí — ressalta que a situação do governo terá papel importante nessa votação: políticos evitam brigar com governos que tenham boa aprovação popular. Ou seja, se Lula e o PT estiverem por baixo, a chance da anistia passar fica maior