Passaram-se seis anos desde que Bong Joon Ho voltasse às telas depois de ganhar a Palma de Ouro e quatro Oscars com "Parasita" (2019), mas a espera por seu regresso valeu cada segundo a julgar pela inventividade que o diretor sul-coreano esbanjou na Berlinale com "Mickey 17". Já de estreia marcada no Brasil, para o dia 6 de março, a superprodução é uma ficção científica que põe o atual Batman, o inglês Robert Pattinson, para contracenar consigo mesmo.
"Trouxe algumas referências dos animes japoneses para criar esse personagem", disse o ator ao Correio da Manhã, numa coletiva inchada de gente.
Bong criou o filme com base no romance "Mickey7", de Edward Ashton. O enredo que vem da literatura fala da confusão em que o falido Mickey Barnes (papel de Pattinson) se mete ao aceitar viajar para o mundo gelado de Niflheim, como expendable (descartável). O termo é usado para colonizadores que aceitam se submeter a um processo de clonagem, tratado como "impressão", a partir do qual corpos são reproduzidos, sem defeitos, preservando a memória do organismo antecessor.
Em meio a esse processo, no qual várias "cópias" dão defeito, o 17º clone de Mickey vinga e acaba por se envolver num levante contra um político (Mark Ruffalo) empenhado em erradicar as criaturas (em forma de ácaros gigantes) de Niflheim. O humor é contagiante na atuação de Pattinson, que contracena consigo mesmo.