A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, na tarde desta segunda-feira (8), a revogação da prisão preventiva do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União). A decisão foi tomada em votação nominal: dos 65 parlamentares presentes, 42 votaram a favor, 21 contra e 2 se abstiveram. Com a aprovação do projeto de resolução, o ato será publicado no Diário Oficial, e caberá ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), definir os próximos passos para a soltura e o prosseguimento das investigações no âmbito da Operação Unha e Carne, junto a Polícia Federal.
Reunião da Comissão de Constituição e Justiça
A deliberação do plenário ocorreu após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovar o projeto resolução favorável ao relaxamento da medida imposta pelo STF. Os deputados Rodrigo Amorim (União), presidente da CCJ, Fred Pacheco (PMN), Alexandre Knoploch (PL) e Chico Machado (Solidariedade) defenderam a revogação, afirmando que Bacellar tem colaborado com as instituições e que não há elementos que justifiquem a manutenção da prisão preventiva no atual estágio do processo.
Em contraste, Élika Takimoto (PT) e Carlos Minc (PSB) votaram pela manutenção da medida. O decano Luiz Paulo (PSD) sugeriu que a Alerj analisasse separadamente a permanência do deputado no cargo e a revogação da prisão, proposta que acabou rejeitada.
Votação turbulenta no plenário
Durante a votação, parlamentares apresentaram posições antagônicas. Flávio Serafini (PSOL) argumentou que “a manutenção da prisão cautelar é a melhor decisão para o estado do Rio de Janeiro”, citando o contexto de destruição de provas atribuído a TH Joias. A deputada Renata Souza (PSOL) classificou o episódio como uma “crise institucional que envolve crime, política e polícia”.
Em defesa da revogação, Alexandre Knoploch rebateu acusações e criticou o que chamou de “generalização indevida”. Para ele, não há provas de que Bacellar tenha atuado para obstruir investigações. A deputada India Armelau (PL) afirmou que o caso abre um precedente perigoso: “Se for prender por achismo, tem um monte de deputado que vai para o ralo. Isso pode acontecer com qualquer um aqui”.
Outros parlamentares ressaltaram que eventuais responsabilizações cabem exclusivamente ao Judiciário. Minc enfatizou que a Alerj “não julga inocência ou culpabilidade”, mas apenas avalia se a prisão se justifica para garantir a integridade das apurações. Outros opositores defenderam a necessidade de rigor diante do risco de infiltração do crime organizado nas estruturas políticas.
Prisão do presidente da Alerj
Bacellar foi preso preventivamente na última quarta-feira (3), na sede da Polícia Federal, sob suspeita de repassar informações ao ex-deputado TH Joias, acusado de ligação com o Comando Vermelho. A suposta comunicação teria permitido a destruição de provas e fuga temporária do investigado. Agora, com a posição firmada pela Alerj, o processo segue para nova análise do STF, enquanto o presidente da Casa mantém apoio expressivo de sua base e de parte significativa do plenário, fato visto por aliados como sinal de estabilidade institucional em meio à crise.