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Castro relata a Moraes o planejamento da Operação Contenção

Moares conheceu a tecnologia usada pela polícia para fazer a segurança do Rio | Foto: Philippe Lima

O governador Cláudio Castro se reuniu, nesta segunda-feira (03), com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, região central da capital do Estado do Rio de Janeiro. Durante a audiência, foram apresentados dados sobre o planejamento e a execução da megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão. O relatório, que mostra total transparência no cumprimento da ADPF 635, será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.

Após a audiência, o governador acompanhou o ministro em uma visita técnica à Sala de Inteligência e Controle do CICC, onde está instalado o sistema de reconhecimento facial e das câmeras operacionais portáteis usadas pela Polícia Militar, com acompanhamento em tempo real dos deslocamentos em todo o território fluminense.

A estrutura centraliza informações de campo e dados de inteligência, garantindo resposta rápida e coordenação operacional.

"O Rio de Janeiro tem investido muito em planejamento, tecnologia e transparência para tornar a segurança pública mais eficiente e moderna. O CICC é a expressão desse trabalho coordenado, com tecnologia de ponta. Todo esse aparato garante um serviço de segurança de qualidade para a população", afirmou o governador Cláudio Castro.

Participaram da audiência os secretários de Segurança Pública, Victor dos Santos; de Polícia Militar, Marcelo de Menezes; e de Polícia Civil, Felipe Curi, além de representantes do Conselho Nacional do Ministério Público e do Conselho Nacional de Justiça.

"Conversamos sobre o projeto de retomada que está em fase de organização pelo Conselho Nacional do Ministério Público e demos ao ministro total possibilidade de tirar todas as dúvidas sobre a política de segurança do Rio de Janeiro e nos desafios no combate ao crime", acrescentou Cláudio Castro.

A operação teve a partição de 2500 agentes, sendo 1800 militares e 650 civis. O relatório diz que o uso da força foi dentro dos parâmetros de legalidade e necessidade, com o confronto sendo direcionado para uma área fora de risco da população. O governo admite, porém, que teve dificuldades em preservar a cena do crime e que os corpos foram levados por moradores, algo que será investigado pela polícia.

Integração das forças

O CICC é o principal polo de integração das forças de segurança do Estado. O centro atua no monitoramento em tempo real de ocorrências, grandes eventos e situações emergenciais, reunindo representantes das polícias, Bombeiros, Defesa Civil, Detran e órgãos federais e municipais.

No CICC também foram desenvolvidos software como o 190RJ, o Rede Mulher e o Rede Escola.

Além disso, no CICC funciona o serviço de emergência 190 da Polícia Militar, que recebeu recentemente com o ISO 9001, premiação internacional que reconhece a eficiência do serviço.

 

Drones revelam cenas da guerra contra os traficantes

O Governo do Rio divulgou no domingo (02), imagens inéditas de drones da megaoperação nos Complexos da Penha e do Alemão. Elas registram ataques coordenados e emboscadas, evidenciando o grau de organização e o poder de fogo do grupo criminoso.

Os vídeos mostram a guerra travada nos complexos do Alemão e da Penha contra narcoterroristas armados com fuzis de uso militar, como AK-47, AR-10, FAL, G3 e AR-15, modelos utilizados em zonas de conflito como Síria, Gaza e Iêmen. Dezenas de ruas foram tomadas por barricadas em chamas, usadas pelos criminosos para impedir o avanço das forças de segurança.

Em uma das cenas, policiais civis avançam em área de mata quando são surpreendidos por uma sequência de disparos. Dois agentes são atingidos. O policial Rodrigo Velloso Cabral, da 39ª DP (Pavuna), resgata os feridos. Depois, em cena não registrada, Veloso dá voz de prisão ao autor dos disparos, mas acaba baleado e morto.

Outra gravação mostra o Complexo do Alemão em chamas, com vários focos de incêndio provocados por barricadas. As imagens revelam a desordem e a tática de guerrilha dos criminosos.

Em um dos registros, o cabo Oliveira, do Bope, é ferido na coxa esquerda na área da mata no Alemão. Durante o socorro do cabo, o sargento Cleiton Serafim Gonçalves, também do Bope, participa do salvamento do colega de farda. Os policiais descem a comunidade carregando o colega atingido. "O blindado não sobe aqui, vamos ter que descer com ele", disse um policial durante o resgate.

Em meio à tensão, o cabo Oliveira é carregado pelos colegas dentro da mata. Ele é levado para uma unidade hospitalar e passa bem. No entanto, no mesmo dia, Serafim acabou sendo morto durante confronto com os narcoterroristas.

O sargento Walner Santana, do Batalhão de Ações com Cães, também foi atingido no Alemão durante confronto com criminosos armados, antes de chegar à região de mata. Os vídeos das câmeras corporais mostram o drama vivido pelas equipes em campo.

Santana foi atingido por três disparos. Outro agente pede apoio e faz um torniquete para estancar o sangue. Mesmo cercados, os policiais não desistiram. Um grupo maior chegou para reforçar o resgate, utilizando lonas para improvisar uma maca. O ferido foi retirado da área em meio ao tiroteio, recebendo os primeiros socorros ainda no local. O resgate levou uma hora e seis minutos.

"Nossos combatentes tombaram como heróis, lutando para proteger a vida de seus companheiros e da sociedade. Não podemos naturalizar a presença de armas de guerra nas mãos de criminosos. Uma frase que ficou marcada em nossa tropa nesta operação, dita pelo sargento Heber, uma das vítimas, resume o espírito da ação: 'Ninguém vai parar a gente.' É exatamente o que essas imagens mostram. Continuaremos nossas operações em defesa da população com técnica, inteligência, estratégia e sempre dentro da lei", afirma o secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes.