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Tarifaço dos EUA preocupa Firjan que pede diálogo

Usina Presidente Vargas | Foto: Arquivo/CSF

O tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil, previsto para entrar em vigor no próximo dia 1º, pode gerar um prejuízo de nada menos do que R$ 830 milhões para o Estado do Rio. Os dados foram validados pela Firjan a partir de um levantamento produzido pelo Cedeplar, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que avaliou os impactos no país e em estados das regiões Sul e Sudeste.

De acordo com a federação, o Rio de Janeiro é o segundo maior estado exportador para os EUA, ficando atrás apenas de São Paulo. Em 2024, o Rio importou R$ 8,9 bilhões dos Estados Unidos; e exportou R$ 7,4 bilhões.

A principal pauta exportadora do Rio para os EUA são petróleo bruto e aço. Em relação aos empregos formais diretos, a indústria de petróleo e gás emprega aproximadamente 40 mil pessoas no estado. Já metalurgia possui 48 mil postos de empregos diretos.

Ainda segundo a Firjan, 48 municípios fluminenses poderão ser atingidos pelo tarifaço norte-americano. Entre os mais prejudicados com a medida estão a capital, Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São João da Barra, Macaé e Volta Redonda.

Ao lado de outras entidades do setor produtivo, a Firjan integra o Grupo de Trabalho Executivo, criado pelo governo do estado do Rio, para avaliar os possíveis impactos do tarifaço dos Estados Unidos na economia fluminense.

"A Firjan vê com grande preocupação a possível implementação das medidas e defende a intensificação do diálogo, da negociação em busca de uma solução satisfatória para ambos os lados. Essa imprevisibilidade é prejudicial para todos, principalmente para as pequenas e médias empresas fluminenses. Também defendemos a postergação do prazo de negociação para obter o acordo entre as duas partes, se necessário", diz o presidente da federação, Luiz Césio Caetano.

Entenda o caso

No dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que anuncia a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras ao país norte-americano a partir do dia 1º de agosto.

No documento, Trump diz ter adotado a medida sob a justificativa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, estaria sofrendo perseguição política.

Os Estados Unidos também iniciaram uma investigação interna contra práticas comerciais do Brasil que consideram supostamente "desleais". Entre elas, o Pix.

O governo de Trump também revogou os vistos do ministro Alexandre de Moraes, seus familiares e "aliados na Corte".

Na última sexta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está aberto a negociar com Trump e disse que o presidente dos Estados Unidos foi induzido a acreditar "em uma mentira". O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria, Comércio e Serviço, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lideram as iniciativas para uma solução diplomática com o país norte-americano. O governo também criou um comitê para discutir as taxações com o setor produtivo brasileiro.