Estudo lançado na quarta (12) mostra que 119 países já possuem sistemas de alerta para eventos climáticos de riscos múltiplos, um salto de 113% nos últimos dez anos. Também a abrangência dos dispositivos aumentou 45% desde 2015. O avanço, porém, ainda é insuficiente, afirmam o Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (UNDRR) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM). As duas entidades lideram a iniciativa "Early Warnings for All", alertas prévios para todos, que persegue a meta de deixar todas as pessoas do planeta sob algum tipo de proteção até 2027. Ainda que festejada, a marca de 119 países, 60% do total, reflete a desigualdade.
Entre Estados insulares em desenvolvimento, a taxa alcança apenas 43%, e os menores índices ainda se encontram na África, apesar de um progresso de 72% na abrangência de proteção já ter sido alcançado.
"Os desastres não são naturais nem inevitáveis. E mesmo diante de uma crise climática crescente, podemos dar um basta à espiral de perdas cada vez maiores", afirmou Kamal Kishore, chefe da UNDRR, sublinhando a inadequação da expressão "desastres naturais" para eventos extremos cuja intensidade e frequência, mostra a ciência, crescem com o aquecimento global.
"Para reverter essas tendências, os países devem acelerar a implementação total do Marco de Sendai nos cinco anos restantes. Isso requer priorizar o financiamento para a resiliência."
O Marco de Sendai, alcançado durante conferência da ONU no Japão em 2015, prevê ações para diminuir substancialmente a mortalidade por catástrofes até 2030, aprimorar infraestruturas, melhorar a governança e induzir o investimento em resiliência. O relatório nota também a intensificação de risco emergentes, como calor extremo, incêndios florestais e inundações.
Por José Henrique Mariante (Folhapress)