O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, renunciou ao cargo nesta quarta (22). O chanceler vinha sendo alvo de críticas dos apoiadores de Javier Milei às vésperas das eleições legislativas às quais o governo chega desgastado por escândalos envolvendo aliados do presidente. Ao jornal Clarín o chefe de gabinete do governo, Guillermo Francos, lamentou a saída de Werthein e disse que a decisão do colega foi pessoal. "Contribuiu muito, foi não somente um ator central para as relações internacionais, mas também chave para as reuniões do presidente [Milei] com Trump", afirmou Francos.
A referência de Francos a Trump evidencia o principal ponto de desgaste de Werthein nos últimos dias. Milei e seu gabinete queriam que a reunião com o presidente americano, ocorrida na semana passada na Casa Branca, pudesse beneficiar a campanha pelas eleições legislativas argentinas, neste domingo (26), especialmente após um escândalo envolvendo José Luis Espert, que renunciou à candidatura.
O saldo, porém, não foi positivo, com declaração de Trump de que, se a oposição a Milei vencesse, os EUA deixariam de apoiá-lo. Após o episódio, apoiadores do ultraliberal passaram a aumentar as críticas a Werthein, que era o embaixador argentino em Washington antes da chancelaria.
Werthein deve ficar no cargo até segunda (27). Sua saída ocorrerá poucos dias antes de completar um ano no cargo.
Entre os nomes especulados para assumir o lugar de Werthein estão o próprio chefe de gabinete, Guillermo Francos, e o cônsul argentino em São Paulo, Luis María Kreckler, que também já foi embaixador em Brasília. Outros são Nahuel Sotelo e Úrsula Basset, e Fulvio Pompeo, que foi secretário do ex-presidente Macri.
Por Guilherme Botacini (Folhapress)