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Drama da seleção iraniana de vôlei

No Rio de Janeiro para a disputa da Liga das Nações masculina de vôlei, os iranianos tentam caminhar na competição enquanto os pensamentos estão no país natal, alvo de bombardeios de Israel.

"Nossas famílias estão no Irã e as nossas mentes estão com eles. Fisicamente, estamos aqui, mas está sendo muito difícil para nós", disse Amir Hossein Esfandiar.

Javad Karimi, um dos principais nomes da equipe, parou e tentou atender a imprensa, mas não conseguiu falar. Com os olhos marejados, pediu desculpas e deixou a zona mista. "Não dá", resumiu. Secou as lágrimas após alguns passos para atender a um pedido por uma foto feita por uma fã brasileira.

Os ataques israelenses começaram na noite da última quinta-feira, no horário de Brasília. O Irã estava em quadra contra os Estados Unidos, pela segunda rodada da Liga das Nações, e vencia por 2 sets a 0. Ao fim, foi derrotado por 3 a 2.

No segundo set, um amigo da Federação me ligou e disse 'nós estamos sendo bombardeados, mas não conte aos atletas, por favor. Deixe-os jogar'. Mas foi muito difícil quando um dos jogadores veio até mim e falou: 'Quando vimos seu rosto, ficamos assustados. O que está acontecendo?'. Contamos o que estava acontecendo, uma notícia muito ruim, e alguns choraram", disse Amir Khoshkhabar, gerente da delegação.

No dia seguinte, os iranianos voltaram à quadra. Contra a Eslovênia, venceram o primeiro set, tomaram a virada, empataram e acabaram tendo nova derrota por 3 a 2. "Nós conversamos bastante com eles, mas estão tristes. O problema continua, e cada vez pior", completou Khoshkhabar.

Por Alexandre Araujo (Folhapress)