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Trump assusta europa

Depois de décadas em que a aliança americana com a Europa era algo dado como garantido, as declarações do vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, na Conferência de Segurança de Munique deixaram os líderes do continente em choque. Não só o guarda-chuva militar está em dúvida - vide as conversas entre Trump e Putin que apontam para um acordo sobre a Guerra da Ucrânia que até não incluiriam a Europa -, como Vance mostrou que os EUA podem ser uma força de desestabilização interna no bloco.

Nos dois dias da conferência, que reúne em Munique as principais lideranças políticas e militares dos dois lados do Atlântico, a principal preocupação dos europeus passou a ser não ficar de fora das negociações de paz que podem reconfigurar o mapa do continente. O pleito esteve no discurso de praticamente todos os líderes da União Europeia, que também demonstraram um claro incômodo com o discurso do vice de Trump.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, defendeu que qualquer entendimento para a paz precisa respeitar o sacrifício dos ucranianos. Já o presidente do Conselho Europeu, António Costa, disse que o bloco não vai desistir da Ucrânia e afirmou que fazer concessões na etapa inicial das conversas é um erro. "Só a Ucrânia pode definir quando há condições para negociar", afirmou. "Não haverá uma negociação com credibilidade ou bem-sucedida sem a Ucrânia e a UE."

Porém, o próprio presidente da Ucrânia confirmou a chegada firme dos EUA para resolver o conflito.

O profundo impacto do discurso de Vance ainda repercutiu em praticamente todas as sessões de debate que ocorreram.