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Técnicos brasileiros em pauta

Ancelotti falou da visão europeia dos treinadores brasileiros | Foto: @rafaelribeirorio / CBF

Por Igor Siqueira (Folhapress)

O técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, participou da abertura do Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol e avisou: "Tenho que ser honesto". Com essa frase, antecipou a frase de que o treinador brasileiro "é uma figura um pouco fraca", referindo-se ao olhar no exterior.

"Gosto de estar aqui, viver aqui, conhecer a estrutura do futebol brasileiro e também a força do treinador brasileiro. Tenho que ser honesto: não é tão forte. Porque uma das primeiras coisas que escutei e não entendo: por que o treinador brasileiro não pode treinar na Europa? Significa que a figura é um pouco fraca. Creio que é muito importante trabalhar juntos, todos os treinadores, para que a Federação Brasileira de Treinadores seja forte", disse Ancelotti.

O treinador ainda disse que a entidade brasileira precisa de união e ressaltou o papel da CBF na construção de um cenário melhor para a classe no Brasil.

"A CBF tem como objetivo primário ganhar a Copa do Mundo, senão não me chamava para ser o treinador. Mas o objetivo é melhorar o futebol brasileiro, no calendário, na arbitragem, na formação dos treinadores, do curso dos treinadores, a estrutura dos estádios. Temos uma CBF que precisa da ajuda e da opinião dos treinadores. A opinião é ainda mais respeitada se a Federação dos Treinadores for forte. Como pode ser forte? Com mais unidade entre os treinadores. Estamos no segundo fórum. Tem que ter 20 ou 30. Acho que temos a vontade de melhorar e ser mais respeitado", acrescentou.

Ancelotti, apesar dos títulos na carreira e a moral com a qual chegou no Brasil, lembrou que ele mesmo já viveu momentos de instabilidade na carreira e mudou o jeito de encarar as demissões.

"A figura do treinador é fundamental. É como o árbitro. Se não tiver, não dá para jogar. Mas é fundamental até quando? Até a primeira derrota. Depois da primeira derrota, outro treinador é que vira fundamental. Eu falo muito para os jovens treinadores: ser demitido é uma pena, mas com o passo do tempo, tem que considerar uma coisa normal. Eu posso ter tido uma carreira com êxito e quero ainda mais. Mas Parma, demitido. Juventus, demitido, Bayern, demitido. Na primeira vez, fiquei muito triste. Mas na última vez, 'muito obrigado, vou descansar'".