Por Pedro Sobreiro
A Rio Innovation Week teve início nesta terça-feira (12), no Rio de Janeiro, e o painel de abertura trouxe Sebastian Vettel, o tetracampeão mundial de Fórmula 1, para falar sobre sua passagem pelo Brasil após a aposentadoria da F1 e sobre os projetos para o futuro.
O ex-piloto é muito ligado à causa ecológica e vem trabalhando para implementar a sustentabilidade na Fórmula 1 o quanto antes. "Não existe um campeão mundial sem um mundo para viver", diz a filosofia de Vettel.
No painel, ele explicou que só entendeu a importância de cuidar do planeta quando seu primeiro filho nasceu.
"No momento em que peguei meu bebê nas mãos, me senti responsável. Eu vi nele o futuro, e em mim uma responsabilidade de fazer um mundo melhor para ele", explicou.
Seu principal legado para as pistas foi o recém-aprovado e-fuel, um combustível 100% sustentável que será implementado na F1 a partir da temporada 2026. Ele se disse orgulhoso, mas ainda não está satisfeito.
"Eu não quero voltar a pilotar, essa fase já passou - e foi linda. Agora, se eu puder contribuir com os bastidores, trazendo mais sustentabilidade... Isso me fascina! A aprovação do e-fuel foi uma vitória, mas ainda é pouco. Vejo que estamos avançando rápido, mas podemos avançar ainda mais rápido", comentou Vettel.
Senna
Em 2024, dentre as homenagem aos 30 anos da morte de Ayrton Senna, Vettel se uniu ao Instituto Ayrton Senna para promover campanhas de limpeza das ruas em São Paulo. Para ele, o legado de Senna segue vivo justamente por seus impactos além das pistas.
"O Ayrton Senna não é uma lenda por acaso. Ele é um ícone no Brasil porque ele não falava apenas das corridas. Ele trazia questões sobre educação e conscientização para o Brasil [...] Em 2024, fizemos a ação de coleta de lixo e trouxemos ativações com seu carro e capacete. É um legado que segue vivo até hoje", explicou.
Amazônia
Neste ano, em parceria com o Greenpeace, ele veio para a Amazônia, onde ficou impactado.
"Não sei quantos de vocês já tiveram a oportunidade de ir à Amazônia, mas é uma experiência fantástica! Eu cresci com a imagem dos 'pulmões do mundo', então vi aquela mata densa e verde e fui muito impactado. Por outro lado, foi doloroso ver as áreas desmatadas crescentes. Os fazendeiros queimam a floresta para plantar soja ou milho, é devastador. Eu não quero vir ao Brasil e dizer o que deve ser feito, mas esse [desmatamento] é um problema que deve ser levado a sério", disse.
Ele também falou sobre a recepção que teve dos povos indígenas.
"Eles me receberam de forma muito calorosa. Me abraçaram como estrangeiro e me levaram para conhecer sua cultura. São grupos que tiveram contato com o 'mundo exterior' há pouquíssimas gerações. Lá fora, quando se fala em indígenas, a gente pensa nos anos 1700, mas aqui é possível ver povos que viveram isoladamente há 30, 40 anos. É fascinante ver a filosofia deles de acolhimento. Se eu estivesse em minha casa e alguém a invadisse, com certeza não seria receptivo como eles foram, eu mandaria o cara ir embora", brincou.
Bortoleto
Por fim, a sensação do momento da Fórmula 1 não poderia ficar de fora da pauta. O brasileiro Gabriel Bortoleto foi tema da última pergunta.
"Ele [Bortoleto] é um garot jovem e muito talentoso. Ele está numa fase em que não tem um carro muito bom, mas é a melhor hora para entender como funcionam os circuitos da F1 e desenvolver suas habilidades de olho na próxima temporada. Ele tem muito talento", concluiu.