Por Luciano Trindade (Folhapress)
Augusto Melo, 61, tornou-se no sábado (9) o terceiro presidente da história do Corinthians a ser destituído.
Em assembleia geral dos sócios do clube, conforme previsão estatuária, realizada no Parque São Jorge, 1.413 associados foram a favor de seu impeachment e 620 votaram para sua recondução ao cargo. Houve ainda dois votos nulos e dois brancos. Em maio, o Conselho Deliberativo já havia se manifestado a favor do impedimento, com 176 votos a 57.
Eleito em novembro de 2023, o empresário perdeu seu capital político logo no primeiro ano de sua gestão como consequência de investigações da Polícia Civil e do Conselho do clube sobre o pagamento de R$ 25 milhões à rede Social Media Design como comissão de intermediação pelo contrato de patrocínio com a casa de apostas online VaideBet.
O patrocínio, anunciado em janeiro de 2024 com valor estimado em R$ 370 milhões para três temporadas —o maior da história do clube—, foi rescindido cinco meses depois com o acionamento da cláusula anticorrupção, o que desencadeou investigações sobre empresas "laranjas" envolvidas na operação.
Augusto nega as irregularidades que foram apontadas para justificar seu afastamento da presidência —e que fizeram dele e de outros dirigentes de sua gestão réus, denunciados sob suspeita de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto.
O cartola afirma que todas as acusações são falsas e que o processo "é ilegal e repleto de nulidades e abusos". Ele cita ilegalidade na produção de relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) supostamente sem autorização judicial e questiona a investigação conduzida pela Polícia Civil, em assuntos que, segundo sua defesa, seriam de competência da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
O Ministério Público de São Paulo pediu que todos os denunciados paguem R$ 40 milhões de indenização à agremiação do Parque São Jorge. O órgão também solicitou à Justiça o bloqueio de bens de pessoas físicas e jurídicas citadas na investigação.
O curso do processo terá agora audiências, depoimentos e produção de provas para, posteriormente, uma decisão do juiz.
No Corinthians, não há mais caminhos que possam salvar Augusto Melo.