Por Patrick Bertholdo*
A edição de 2025 da Maratona do Rio bateu recorde histórico de inscritos e consolidou-se como o maior festival de corrida da América Latina. Foram 60 mil atletas, superando os 45 mil do ano passado, com inscrições esgotadas dois meses antes do evento. Dos grandes eventos do Rio, fica em terceiro lugar em fluxo de turistas, perdendo apenas para o Reveillon e Carnaval.
Os números revelam a força do turismo esportivo no país. Cerca de 85% dos participantes vieram de fora do município do Rio de Janeiro, sendo a maioria dos estados de São Paulo (32%), Minas Gerais (13,5%), além de expressiva participação de corredores da Bahia e Pernambuco (4% cada).
Pela primeira vez na história da prova, iniciada em 2003, a participação feminina foi maioria, representando 52% dos inscritos. O aumento foi ainda mais expressivo nas provas de 5 km e 10 km, onde as mulheres somaram mais de 60% dos corredores. Na maratona completa (42 km), elas foram 29% dos concluintes — ainda abaixo dos homens, mas com crescimento constante nos últimos anos.
O evento também atraiu um público mais experiente. Mais de 2 mil atletas tinham 60 anos ou mais, comprovando que a corrida segue democrática e inclusiva. A faixa etária predominante foi entre 30 e 39 anos.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ), a taxa de ocupação nos hotéis da capital fluminense chegou aos 80%. O impacto econômico foi significativo, estimado entre R$320 e R$355 milhões, movimentando setores como transporte, gastronomia, hotelaria e comércio local. E se incluirmos a Bienal do livro nesta análise, apura-se um total aproximado de R$500 milhões para a economia do Rio. Segundo a organização, foram gerados cerca de 2.800 empregos diretos e indiretos durante os dias do evento.
Acertos e falhas
A estrutura foi apontada como um dos pontos altos. A divisão das provas em dias distintos — 5 km na quinta-feira, 10 km na sexta, 21 km no sábado e a maratona no domingo — foi elogiada por facilitar a logística dos participantes e permitir que muitos completassem mais de uma prova.
Além disso, a arena montada na Marina da Glória, com espaço de recuperação, ativações de marcas e shows, recebeu mais de 135 mil visitantes durante os quatro dias de provas.
Por outro lado, a organização enfrentou críticas. O principal problema foi na retirada de kits, com longas filas (esperas de 2h a 3h nos primeiros dias) e relatos de falta de itens basicos no kit do corredor, comum em diversas corridas, como gel de carboidrato e outros pequenos brindes. Pelo valor da corrida e número de parceiros desta edição, caberia. O custo-benefício para muitos corredores ficou desproporcional. Foram registrados casos de falsificação de números de peito, especialmente nas provas de menor distância, o que contribuiu para a falta de medalha para parte dos participantes, gerando grande insatisfação nas redes sociais atrelado ao descaso na retirada dos kits.
A organização reconheceu os problemas e prometeu melhorias para 2026, como o reforço na produção de medalhas e a adoção de tecnologias anti fraude nos numeros de peito dos corredores. Com todos os acertos e erros, fica a memória de uma prova emblemática e única, com turistas e munícipes na torcida em praticamente todo o percurso das provas, com segurança, conhecendo ou não algum corredor.
*Diretor-geral do Correio da Manhã, corredor há 10 anos e maratonista