Por Pedro Sobreiro
Mais uma rodada da Copa do Mundo de Clubes FIFA, o Super Mundial, terminou para os cariocas, e os brasileiros sobraram. Times que grande parte dos torcedores e especialistas apostavam que sequer passariam da fase de grupos estão surpreendendo o mundo ao conquistarem a liderança de seus respectivos grupos.
Com a atuação histórica do Botafogo, que venceu o todo-poderoso PSG, atual campeão da Champions League e time que conta com o futebol mais envolvente da Europa, e do passeio do Flamengo sobre o Chelsea, que explorou todos os pontos fracos do time londrino, atual campeão da Conference League, a imprensa europeia já admite - timidamente, é verdade - que a tal inferioridade sul-americana não passa de anos de soberba e ignorância europeia.
Sobre a atuação do Fla, o jornal Marca, da Espanha, foi categórico: "O Chelsea aprendeu uma lição". Pelo lado do Glorioso, o L'Equipe, da França, adotou o tom de frustração ao afirmar que "O Botafogo derrubou o PSG do pedestal".
A atuação envolvente do Fluminense no empate com o Borussia Dortmund já havia ligado o alerta: os brasileiros vieram com a missão de dessacralizar os times europeus. E estão conseguindo isso de forma gloriosa.
E o impacto desses jogos é muito maior do que "apenas" mexer com a autoestima do torcedor brasileiro, o que já é um feito fora de série por si só, mas será interessante acompanhar as próximas janelas de transferências intercontinentais. Se os times brasileiros estão vendendo suas joias por pequenas fortunas, é possível que isso influencie diretamente no futebol brasileiro de duas formas.
A primeira é trazer ainda mais dinheiro nas vendas de atletas brasileiros. Não apenas nas promessas de base, mas também por atletas na casa dos 30 anos. Atualmente, existe um resistência europeia em trazer jogadores já maturados. Pode ser que isso mude.
A segunda, e ainda mais interessante para o futebol brasileiro, será ver os clubes nacionais segurando seus atletas de base por mais tempo. Nas últimas duas décadas, se tornou muito comum que jogadores de 16, 17 anos já chegassem ao profissional vendidos para a Europa, como nos casos de Philippe Coutinho, Vinicius Júnior, Endrick e Estevão, por exemplo.
Com esse reconhecimento do futebol brasileiro, é provável que novos investimentos externos cheguem ao país, dando um respiro para as contas comprometidas. Com isso, a tendência é que os clubes ganhem mais poder para segurar suas joias, o que promete aumentar o nível técnico do esporte por aqui.
É mais vantajoso para futebol ter um Endrick jogando toda quarta e domingo por um Palmeiras do que tê-lo como reserva do Real Madrid, onde joga 15 minutos por semana.
Seleção Brasileira
Outro possível impacto deste torneio poderá ser visto na próxima convocação de Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira. Com a chancela das grandes atuações no Super Mundial, o planeta está boquiaberto com a marcação firme e garra brasileira.
A tendência é que atletas que atuam no futebol nacional sofram menos resistência da torcida na convocação para defenderem a Amarelinha. Nomes como Bruno Henrique, do Flamengo, Allan, do Botafogo, ou Paulo Henrique, do Vasco, podem aparecer a qualquer momento na Seleção. E não serão mais tratados como 'aberrações'.
Independentemente do resultado dos brasileiros, é fato que este Super Mundial já acendeu a chama da revolução no futebol nacional. Em um mundo ideal, o resultado já seria colhido no ano que vem, com a tão sonhada conquista da Copa do Mundo FIFA 2026, no MetLife Stadium, em Nova Jérsei, com o Brasil aplicando seu futebol 'raiz'. Se isso acontecerá ou não, só o tempo dirá. Mas é sensacional ver o renascimento do futebol brasileiro diante do mundo.