Por:

Reforma no estatuto da CBF

Por Igor Siqueira e Rodrigo Mattos (Folhapress)

A recente reforma do estatuto da CBF mexeu no equilíbrio de poder dentro da entidade. Ajustes no texto deixam mais clara a centralização de poder no presidente - neste caso, Ednaldo Rodrigues - reduzindo a influência da diretoria.

Ednaldo ficou mais empoderado em várias questões, até mesmo para decidir e aprovar o uniforme da seleção brasileira.

As mudanças também envolvem a supressão de artigos que tratavam da contratação de parentes e do afastamento do presidente por parte da diretoria. As alterações estatutárias já chegaram ao conhecimento de políticos da oposição em Brasília.

Tanto que o deputado federal Delegado Fábio Costa (PP-AL) fez na quarta (14) um requerimento por uma audiência pública na Comissão de Esporte da Câmara sobre as mudanças no estatuto da CBF. O parlamentar é apoiador de Bolsonaro, mas também é do mesmo estado e partido do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira.

A reforma estatutária foi feita em novembro de 2024 e aprovada por unanimidade pelas federações.

O novo estatuto da CBF ainda não está nos canais oficiais da entidade, mas pode ser consultado em cartório no Rio.

Quando a CBF disse há algumas semanas de que o novo uniforme seguiria o que diz o estatuto, referindo-se às cores da camisa, ela acabou revelando implicitamente um dos efeitos práticos da nova versão do documento. A aprovação dos modelos não precisa mais ser feita pela diretoria. Virou prerrogativa exclusiva do presidente.

Outra mudança significativa é no antigo artigo 145. O trecho proibia a contratação de parentes ou serviços oferecidos por empresas de pessoas próximas a dirigentes. Na versão mais recente, o texto foi retirado.

Há um outro dispositivo que foi retirado, o antigo artigo 143. Inclusive, ele foi a base para que a diretoria da CBF aprovasse o afastamento do ex-presidente Rogério Caboclo, em 2021, após caso de assédio moral e sexual contra o dirigente. Na versão da gestão Ednaldo, virou mais um pedaço excluído.

A mudança de eixo de poder - da diretoria para a presidência - fica explícita em outro trecho do estatuto da CBF.

Há um artigo que descreve as competências da diretoria da CBF. Na versão anterior, ele tinha 17 itens. Agora, tem seis.