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Polêmica da CBF vai ao STF

Por Igor Siqueira (Folhapress)

A deputada Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para gerar o afastamento do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. A discussão é no mesmo processo do Supremo relatado pelo ministro Gilmar Mendes que devolveu Ednaldo ao cargo em janeiro de 2024, graças a uma liminar.

O argumento da deputada se baseia na alegação de que houve uma falsificação de assinatura no acordo mais recente envolvendo dirigentes da CBF que é crucial para a estabilidade política na entidade.

A suspeita é direcionada à firma do Coronel Nunes, ex-presidente interino da CBF e que era um dos vices no mandato passado.

Até o momento, a CBF não se pronunciou sobre o caso.

Independentemente do novo pedido, a retomada do julgamento desse processo está marcada para o dia 28 de maio.

Daniela do Waguinho é ex-ministra do governo Lula e cuidou da pasta do Turismo.

A parlamentar levou ao STF, inclusive, um parecer técnico de uma perita que analisou a assinatura do Coronel Nunes.

O exame grafodocumentoscópico (que busca verificar autenticidade de algo escrito) já foi usado pelo vereador do Rio Marcos Dias (Podemos), em uma denúncia sobre o mesmo fato feita ao Ministério Público do Rio (MP-RJ), nesta semana.

Nunes é um dos que fecharam acordo na Justiça do Rio no processo que originou toda a discussão sobre a validade da primeira eleição de Ednaldo Rodrigues, em 2022.

Como o Coronel Nunes e outros cartolas (Fernando Sarney, Rogério Caboclo, Castellar Neto, Gustavo Feijó e a Federação Mineira de Futebol) entraram em consenso com a CBF de Ednaldo - segundo documento firmado por todos eles - a briga foi dada como encerrada no STF.

A princípio.

Só que nasceu uma suspeita sobre as condições de saúde do Coronel para firmar o documento.

A raiz da questão é um laudo de Jorge Pagura, neurocirurgião que operou Nunes e faz o tratamento de um tumor no cérebro do dirigente. Pagura, inclusive, é presidente da comissão médica da CBF.

Em 2023, o médico apontou que Nunes estava com déficit cognitivo, após passar por uma cirurgia considerada agressiva.

O laudo de Pagura foi usado em uma ação judicial, no Pará, para interromper o desconto de pensão alimentícia da aposentadoria do Coronel.

Os dirigentes de federações que frequentam a CBF sabem que a situação de saúde do Coronel Nunes não é simples. Nesse contexto de dúvida sobre o estado de saúde de Nunes, a assinatura dele no acordo foi analisada pela perita Jacqueline Tirotti, que atua em processos no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).

O resultado da análise apontou "impossibilidade de vinculação do punho" do Coronel às assinaturas dos documentos analisados.

Ela ainda apontou "fragilidade do documento questionado" - o acordo entre os dirigentes sobre o processo envolvendo a eleição de Ednaldo na CBF.

O assunto já estava circulando em Brasília desde a semana passada, tanto é que o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) pediu uma audiência pública sobre o caso na Comissão de Esporte da Câmara. O requerimento dele será votado nesta quarta-feira (7).

A tentativa assinada por Daniela do Waguinho é causar um efeito cascata que culmine com a saída de Ednaldo Rodrigues da CBF.

Como? Invalidando o acordo na Justiça do Rio e, consequentemente, a homologação dele no STF.