Por Joana Cunha - Folhapress
O turista que tem viagem marcada para o deserto do Atacama, no Chile, se animou quando viu o noticiário das últimas semanas informar que nesta primavera de 2025 aconteceu uma rara floração, deixando a região repleta de cores.
Mas quem se hospeda em San Pedro de Atacama a pequena cidade que dá acesso às famosas paisagens das dunas do Vale da Lua, dos gêiseres de El Tatio e das lagoas altiplânicas não verá o vasto tapete florido estendido sobre o deserto mais árido do mundo.
Para isso, é preciso se deslocar aproximadamente 800 quilômetros, pelo menos o que pode ser feito com um carro alugado. O Parque Nacional Llanos de Challe é um bom lugar de onde se pode observar o fenômeno da floração, considerada imprevisível porque acontece apenas em algumas primaveras.
Quando as condições de chuva permitem, como ocorreu neste ano, surge o chamado deserto florido. De acordo com o Conaf (Corporación Nacional Florestal), órgão ligado à administração da política florestal do país, a flora local abrange 220 espécies diferentes, sendo 206 nativas do Chile e 14 endêmicas, que podem sem encontradas apenas na região do Atacama.
Não precisa pagar ingresso para acessar a paisagem desabrochada. Basta percorrer a estrada de carro. Por muitos quilômetros, os turistas estacionam nos acostamentos e seguem caminhando para observar as flores.
Também não precisa ser especialista em botânica para notar como são variadas. O passeio fica mais divertido quando se tem um mapa ou folheto ilustrados com as fotos e os nomes das diferentes espécies, que podem ser encontrados em estabelecimentos ou quiosques de informação das cidades do entorno.
Apreciando as cores e formatos, o turista leigo começa a reconhecer as plantas pelos nomes. Pata de Guanaco, Palo Negro, Azulillo ou Coronilla del Fraile são mais comuns e estão espalhadas ao longo da estrada. Algumas se assemelham, mas têm cores diferentes, como a Ananuca, que aparece nas versões vermelha e amarela.
Há também as espécies ameaçadas de extinção, como a Garra de León. Para vê-la o visitante precisa dirigir alguns quilômetros, até um local específico do parque onde ela está protegida por uma cerca. O lugar se torna um ponto turístico que atrai centenas de pessoas, ônibus de excursão e barracas que vendem lanches e bebidas.
O parque recomenda que as pessoas não colham as flores nem pisem em seus botões.
A viagem por essa região oferece ao turista que vai ao Atacama uma experiência completamente diferente do que se vê no entorno de San Pedro. Primeiro, porque o coloca no nível do mar, aliviando os efeitos desconfortáveis da altitude.
Além disso, é curioso observar a presença de camanchaca, a neblina costeira. No percurso, o céu se transforma e fica nublado quando a estrada margeia a costa, no oceano Pacífico, e depois volta a se abrir, azul e sem nuvens, quando o carro se distancia novamente do mar.
É possível se hospedar na cidade portuária de Huasco, mas procure reservar com antecedência, porque a temporada das flores elevou a demanda da hotelaria local.