Tóquio é uma bomba de estímulos. Para onde o visitante olhar haverá algo para prestar atenção. Pode ser um neon do distrito de Kabukicho, o caos organizado do cruzamento de Shibuya ou até mesmo o fluxo dos usuários de seu metrô, tão ramificado e funcional que faz paulistanos chorarem com a comparação.
Nos vagões, aliás, vale atentar aos avisos de não atender chamadas telefônicas nem conversar em voz alta, pois o silêncio é um valor bem caro aos japoneses. Assim, segure o ímpeto latino-americano e respeite os pedidos, até porque usar Uber e afins é caríssimo na cidade um trajeto de cerca de 12 km custou R$ 220.
A cidade merece uma visita com tempo, mas em três dias é possível visitar templos e conhecer, por valores acessíveis, restaurantes que já figuraram no guia Michelin. Também vale acompanhar no mercadão local, o tradicional leilão de atum, que apesar de começar no final da madrugada é uma atração turística imperdível.
Templo Gotokuji
Viajar ao Japão pela primeira vez significa que você tem de tirar uma foto em um templo budista para provar à sua família que você foi ao Japão. Só que o templo Gotokuji é um pouco diferente, já que é o local dos gatos da sorte. Diz a lenda que um daimiô, um senhor feudal japonês, foi salvo no meio de uma tempestade por um gato que o abrigou ali. Por isso existem os maneki-neko, as estátuas de gatinhos que dão oi, hoje um símbolo de segurança no lar, sorte nos negócios e sinal de que um pedido foi atendido.
Há várias estantes no templo para receber as estátuas, que podem ser adquiridas numa lojinha os preços variam de acordo com o tamanho da peça. É proibido escrever nas imagens, diz o estabelecimento, porque "os gatos são sagrados". Cafés e lojas no entorno vendem doces e itens de papelaria em forma de gato.
Restaurante Seirinkan
Ir a Tóquio e comer pizza é um sacrilégio, mas o sucesso do Seirinkan, presente na série "Ugly Delicious", da Netflix, justifica-se. Contrariando os puristas, o chef Susumu Kakinuma serve pizza napolitana com ingredientes japoneses, incluindo a farinha. O preço, assim como a massa, é meio salgado: R$ 100 por uma redonda pouco maior que uma brotinho mas fique tranquilo, ela mata a fome facilmente.
De fachada discretíssima, o Seirinkan tem três pisos, e a decoração é toda dedicada aos Beatles, sobretudo os Beatles no Japão. Cartazes, fotos, anúncios e recortes de jornais estão nas paredes, enquanto músicas da banda comem solto nos alto-falantes: "Drive My Car", "Don't Let Me Down" e "All You Need Is Love" tocam na sequência. Se você ainda acha que comer pizza no Japão é sacrilégio, eles também oferecem drinques.
Cruzamento de Shibuya
É turístico, é obrigatório. Os semáforos do cruzamento fecham na mesma hora, e as cinco faixas de pedestre são liberadas. Moradores e turistas começam então a atravessá-las, num caos organizado. As pessoas param para tirar fotos, correm para fazer vídeos dançando no meio da rua, tomam os espaços fora das faixas. É uma festa, e tudo volta à normalidade assim que os sinais abrem outra vez.
Há, no shopping Magnet, por cerca de R$ 60, um mirante para ver o cruzamento. Chance de reparar também na área em torno do ponto turístico, com telões gigantes de anúncios de estreias de cinema e lançamentos de discos. O cruzamento é um resumo de Tóquio, em que tudo acontece ao mesmo tempo e dá certo.
Akihabara
A Disneylândia para quem gosta de cultura pop japonesa, a 25 de Março dos animes. Bonecos, cartas Pokémon, videogames, bichos de pelúcia, mangás e também eletrodomésticos, cabos, carregadores, utensílios de cozinha. Você encontrará praticamente qualquer coisa na região, que tem lojas em sequência, muitas das quais em prédios de muitos, muitos andares. É a prova de que a bolsa do Gato Félix existe.
Se seus filhos gostam de One Piece, Godzilla, Studio Ghibli etc., esse é o lugar para comprar lembrancinhas.
Tokyo Tower
Ícone da capital japonesa, a torre de 333 metros três a mais do que a Torre Eiffel brinda os visitantes com um panorama em 360º de Tóquio, lá do alto. Por R$ 130 é possível ir aos dois patamares de observação: o principal, a 150 m do chão, e o top, a 250 m. No primeiro, não há limite de tempo e pode ser acessado em qualquer horário, o que não ocorre no andar mais alto. Dica: além de ser mais caro, o top não acrescenta tanto às paisagens que podem ser vistas do deque principal, e o processo para subir de um nível para outro é demorado e com filas. Tente visitar a atração no final da tarde, quando a luz está caindo.
Ver Tóquio à noite também é uma boa alternativa, e muita gente aproveita para fazer selfies com a antena toda iluminada a partir das ruas no entorno. Só que aí não vai dar para ver o Monte Fuji, o que é uma pena.
Kakekomi Gyoza
Lembra de "Forrest Gump", em que Bubba, amigo do protagonista, lista todas as formas de preparar camarão? Agora pense em um lugar que oferece uma infinidade de tipos de guioza: deep fried, lin spicy sauce, honey mustard, caraguê, superhot, estilo coreano, frito, cozido, fervido... E a lista segue...
Um outro atrativo desse "guiozódromo" é a região em que está localizado. Kabukicho é uma espécie de bairro da luz vermelha de Tóquio, conhecido pela vida noturna e por neons chamativos e motéis. Cuidado com abordagens convidando para certos bares da área são comuns os relatos de golpes que começam assim. Também não é necessário ficar com medo. Fizeram um convite? Apenas diga "não" e siga em frente.
Por Daigo Oliva (Folhapress)