Todo lugar tem a sua comida de rua. Em Salvador, é o acarajé; em São Paulo, Nova York (e também Osasco), é o cachorro-quente, e por aí vai. Fortaleza, a capital do Ceará, tem tudo isso, mas tem também a sua própria joia da coroa: o pratinho, uma refeição rápida e saborosa que forma filas pelas calçadas de toda a cidade, sustentando centenas de famílias e girando a economia de um bairro inteiro.
Chamar o pratinho de refeição não é exagero, porque ele é, de fato, um banquete servido em pratos plásticos fundos, como aqueles de sorveteria. Em geral, leva arroz branco ou baião de dois, carne de sol, paçoca (como eles chamam a farofa com carne) e, para equilibrar as texturas, creme de frango ou vatapá. Mas, a depender do pratinho (como também se chamam os carrinhos nos quais tudo isso é servido) e do local onde ele é servido, também há opções com camarão, calabresa e até lasanha e legumes.
No Cariri, o pratinho se chama "jantinha", e a paçoca leva pouca farinha, que é mais fina, e muito mais carne de sol; já no litoral norte, a mariscada de lagosta também figura entre as opções. Tudo em porções fartas, como manda a tradição.
Há pratinhos por toda a cidade, inclusive na recém-reformada beira-mar, onde o famoso e premiado Pratinho da Madrugada forma uma enorme fila que serpenteia pelo calçadão. Em 15 anos, o negócio familiar se transformou em uma empresa com 50 funcionários e outros dois pontos de venda em food parks de Fortaleza.
Gabriel Justo (Folhapress)