Por Paula Vieira
O governador Cláudio Castro recebeu o apoio de diversos líderes de Estado na noite desta quinta-feira (30), no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense na capital do Rio de Janeiro. O encontro debateu estratégias de combate ao crime organizado em cooperação entre os estados, resultando na criação do Consórcio da Paz, uma proposta de cooperação entre os entes federativos.
Participaram da reunião os governadores Jorginho Mello (PL-SC), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Celina Leão (PP), vice-governadora de Brasília, Eduardo Riedel (PP-MS) e o secretário Victor César dos Santos. Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) participou por vídeoconferência.
"O Consórcio da Paz deve discutir a integração da segurança publica e assuntos relativos à isso, não existe politicagem, existe a necessidade dos estados trabalharem juntos diante de um tema que permeia as fronteiras. É lamentável que o Brasil tenha chegado nesse estágio, seja no Rio e São Paulo ou Mato Grosso do Sul. O que estamos fazendo nessa visita é buscando soluções efetivas em comum", disse Eduardo Riedel.
A manifestação de apoio e união acontece após a megaoperação para desintegração do Comando Vermelho nos Complexos da Penha e do Alemão, para cumprimento de cem mandatos, que resultou na prisão de 113 criminosos e apreensão de 118 armas, sendo 91 fuzis e morte de 121 pessoas, entre elas quatro policiais.
"O consórcio fica no Rio mas é para o Brasil, para toda a segurança pública. É pelo nosso povo, é pelo nosso estado. Cada um vai ter suas opiniões. Nossa questão principal é não tirar a autonomia dos nossos estados", disse Castro
Jorginho Mello se solidarizou com o Rio e falou que a operação vai ficar na história
"O consórcio da paz integrará os estado com contingência, inteligência, apoio financeiro. Criamos agora, então precisamos definir alguns termos, mas se possível for, vamos conciliar os 27 estados. Façamos a compra de equipamentos de forma consorciada, para que a gente possa acabar com essa onda de violência. De forma muito pró-ativa, viemos abraçar o RJ e cumprimentar a polícia e todas as forcas de seguranca pelo sucesso da operação. Vocês vão ficar na história do Brasil pela coragem e profissionalismo para conseguir esse resultado. Amamos o Rio e queremos que o estado seja cada vez mais feliz. Nós temos a grande missão de devolver a paz para essas famílias, por isso o nome do consórcio", disse.
Na mesma linha, Romeu Zema também admitiu que Minas Gerais está com o estado fluminense.
"Fiz questão de me solidarizar. Não podemos criminalizar o trabalho das forcas de seguranca, como tem acontecido no Brasil. Qualquer coisa que o agente faz, vai ter que responder um processo, enquanto o criminoso atua sem nenhuma consequência. Conte com Minas Gerais!", ressaltou o governador mineiro.
O governador de Goias, Ronaldo Caiado, explicou um pouco como funcionará o consórcio.
"O consórcio tem o único objetivo que é integrar as forças com base na inteligência e na base operacional possa atender qualquer um dos governadores em um momento emergencial com deslocamento imediato", afirmou Caiado.
PEC da segurança
"O governo de Goiás pediu acesso ao Coaf e não temos. O governo federal deve responder pela parte dele com trabalho de armas e lavagens de dinheiro. E que tenhamos o financiamento de todos os acréscimos de celas no sistema penitenciário. No dia que acabei as visitas íntimas e a gravação das consultas com advogados, a criminalidade abaixou. Cada estado tem suas características quanto à criminalidade", finalizou Caiado.
Reunião com deputados
Mais cedo, o secretário de segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos afirmou que aguarda o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que virá à capital na próxima semana, para uma audiência sobre a operação.
"Cabe a nós esclarecer e não temos nada a temer (...) o ministro vem para que a gente possa mostrar o que as forças policiais do Rio enfrentam", afirmou.
Victor Santos declarou que a operação se trata de uma retomada do território onde vivem cerca de 1,2 milhão de pessoas e atualmente é dominado pelo Comando Vermelho, milícia e Terceiro Comando Puro.
"Se juntar Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Itanhangá, Recreio, temos 1,2 milhão de pessoas".
Na noite da última quarta-feira, 29 de outubro, o ministro Lewandowski esteve no Palácio Guanabara e anunciou, juntamente com Cláudio Castro, a criação de um Escritório de Enfrentamento ao Crime Organizado para apoiar o estado com peritos criminais, médicos legistas e odontólogos de forma imediata.
"Também temos bancos de dados no que diz respeito a DNA, balística, tudo isso estamos colocando à disposição do governador", afirmou o ministro.
O escritório ficará sob gestão do secretário estadual de segurança pública e do secretário nacional de segurança pública, Mário Sarrubbo.
Durante a coletiva, o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, garantiu que vai investigar se houve crime de vilipêndio com os corpos encontrados.
Decisão do ministro Alexandre de Moraes
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, estará no Rio após solicitações de alguns partidos e órgãos ligados aos direitos humanos, para que o governo do estado esclareça informações como os números de agentes envolvidos, mortos, detidos e feridos, atuação da perícia e imagens captadas pelas câmeras em viaturas e nas fardas dos policiais. O ministro também busca entender as questões sobre preservação do local das mortes para perícia, entre outras.
Despedida de policiais mortos em confronto
Esta quinta-feira, 30 de outubro, também ficou marcada pela emoção e revolta dos familiares que enterraram dois dos policiais mortos no confronto. Cleiton Serafim Gonçalves, de 40 anos, e Heber Carvalho da Fonseca, de 39, que eram sargentos do Bope, deixaram esposas e filhos. O policial civil Marcus Vinicius Cardoso foi enterrado na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, no cemitério da Caçula. O policial Rodrigo Cabral, foi sepultado no Memorial do Rio, em Cordovil.