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Star of the Seas,o maior navio do mundo,é um videogame sem fim

Cruzeiro tem mais de 40 bares e restaurantes, sete piscinas, seis toboáguas, um cassino e um musical | Foto: Fotos: Royal Caribbean/Divulgação

Por Pedro Martins (Folhapress)

É superlativo tudo o que envolve o Star of the Seas, navio da Royal Caribbean inaugurado no último fim de semana. Este é o maior cruzeiro do mundo, com mais de 40 bares e restaurantes, sete piscinas, seis toboáguas, um cassino e um musical do West End para divertir os passageiros quando o sol se põe. Afinal, a festa não para e, como num videogame, dia e noite não significam início ou fim.

Para fazer logo aquela comparação que é inevitável quando o assunto é navio, o Star of the Seas é um terço maior do que o Titanic, leva o triplo de passageiros e pesa cinco vezes mais. Mas o gigantismo de seus 20 andares se dilui na proximidade dos funcionários: há um para cada três turistas, em média — são 7.600 hóspedes para 2.350 profissionais.

O cruzeiro inaugural, no qual a reportagem viajou, não estava em sua ocupação máxima, mas a promessa da Royal Caribbean ao contratar tantos trabalhadores é a de que o navio ofereça um serviço sem filas ou demora. Além disso, há organização. À noite, por exemplo, para acomodar todos nos restaurantes mais sofisticados, cada quarto tem um local e horário designados já no cartão de embarque para o jantar.

A sensação, aliás, é inescapavelmente a de estar preso ao relógio. Do contrário, não seria possível experimentar nem sequer metade do que o navio tem a oferecer, mesmo que cada viajante tenha seus interesses ou ainda que faça roteiros mais longos.

Os shows de patinação ("Sol") e acrobacias aquáticas ("Torque"), de 45 minutos cada, são boas opções de entretenimento, sobretudo para famílias com crianças que não podem se divertir apenas nos bares. Há ainda o musical inspirado na trilogia "De Volta para o Futuro", de quase duas horas, que não deixa nada a desejar em relação às versões apresentadas em Londres, no West End, ou em Nova York, na Broadway. Reserve os ingressos, inclusos no pacote, pelo aplicativo da Royal Caribbean, porque eles se esgotam.

Macaque in the trees
Vista de um dos toboáguas do navio | Foto: Folhapress/Folhapress

Mas imperdível mesmo talvez seja aquilo que não é possível encontrar fora deste grande shopping center que é o Star of the Seas — a mistura de tons de azul, do royal ao turquesa e todas as gradações que existem entre eles. É algo que se pode ver pelas imensas janelas do navio e, melhor ainda, nas paradas que ele faz pelo caminho.

A partir do porto Canaveral, localizado a cerca de 70 quilômetros do aeroporto de Orlando, a ilha CocoCay, nas Bahamas, é a parada obrigatória do navio — não à toa, já que ela é propriedade da Royal Caribbean.

De certa forma, é um espelho do próprio Star of the Seas, com toboáguas, piscinas, bares e restaurantes. A comida e a bebida, mais simples do que as oferecidas a bordo, estão inclusas na maioria dos pacotes, mas há atividades pagas à parte.

Para usar os toboáguas, por exemplo, é preciso desembolsar de US$ 93 a US$ 199; a tirolesa sai a partir de US$ 93; o snorkeling, de US$ 36; e o jet ski, de US$ 103. Também existem áreas restritas a uma taxa extra, caso da Hideaway Beach, mas não há grande diferença no serviço nem na paisagem.

Talvez seja melhor guardar esses dólares. Afinal, não é difícil que o pacote com todas essas atrações ultrapasse os R$ 2.000, valor com que é possível comprar ingressos para curtir ao menos três dias em Orlando, para ater as comparações a parques de diversão.

A viagem em si, aliás, varia de R$ 6.174 a R$ 10.514 por pessoa, em quarto duplo — o preço muda conforme os roteiros, que vão de três a sete dias. Isso na cabine mais simples, é claro; na mais luxuosa, que tem um tobogã no meio da sala, conectando o andar de cima ao de baixo, o pacote pode chegar a US$ 100 mil (R$ 550 mil).

Desviar de tudo o que é pago à parte, porém, não é má ideia. Ao direcionar o olhar para fora dos toboáguas e das piscinas, há um mar de coloração muito mais clara do que aquela que vemos nas praias do Nordeste — no Brasil, o de Fernando de Noronha talvez seja o único capaz de competir com o das Bahamas.

E não precisa se preocupar com ondas. Mesmo na ilha CocoCay não há riscos, além de haver salva-vidas por todo lado. Se a segurança atrai, a ausência de um mar aberto pode frustrar aqueles que apreciam um mergulho mais intenso, já que as saídas para o mar não têm mais do que um metro e meio de profundidade.

A promessa é que as outras paradas, às quais a reportagem não teve acesso, sejam diferentes disso. Em roteiros mais longos, o Star of the Seas pode atracar em San Juan, capital de Porto Rico, o destino mais quente do momento no Caribe, dada a popularização da ilha pelo cantor Bad Bunny; em São Martinho, em São Cristóvão e Névis, no Haiti, nas Ilhas Virgens Americanas e no México.

Em locais artificiais ou não, as paradas são um escape bem-vindo e um descanso para os olhos, já que a grande quantidade de cores e sabores que há dentro do navio pode pesar na vista. Ver o mar do Caribe de pertinho, de toda forma, nunca é demais.