Por: Por Pedro Sobreiro

Rei dos cinemas e do streaming, Leandro Hassum quer fazer um filme de terror

Em 'O Rei da Feira', Leandro Hassum interpreta Monarca, um policial com poderes sobrenaturais que investiga o assassinato de Bode (Pedro Wagner), um feirante sem noção | Foto: Divulgação/ Imagem Filmes

Por Pedro Sobreiro

Programado para estrear nos cinemas na próxima semana, no dia 4 de setembro, "O Rei da Feira", nova comédia de Leandro Hassum já está com sessões de pré-estreias disponíveis a partir desta quinta-feira (28).

A convite da Imagem Filmes, o Correio da Manhã conversou com o rei da comédia nacional, Leandro Hassum, em uma entrevista na qual ele falou sobre os bastidores do novo filme, revelou qual personagem ele ainda não interpretou nos cinemas, mas que gostaria muito de fazer um dia e refletiu sobre a carreira. Afinal, falar de Leandro Hassum é falar em sucesso nos cinemas brasileiros. Seus filmes já levaram mais de 20 milhões de pessoas aos cinemas, além de adentrarem nos rankings de longas mais vistos nos streamings, levando esse jeitinho brasileiro para os quatro cantos do mundo. Para ele, ter chegado a esse nível de sua presença atrair grandes públicos para os cinemas brasileiros é uma grande honra.

"Fico muito honrado de fazer parte da história do cinema nacional. São mais de 58 títulos na minha carreira no cinema. Desde coadjuvantes até 2011, que foi quando eu comecei a protagonizar meus longas-metragens e tudo mais. E fazer parte disso que você falou, né, de levar tanta gente para o cinema, para as salas de cinema e agora para os streamings também, eu fico muito honrado e, ao mesmo tempo, espero cada vez mais poder trazer histórias diferentes, como é o caso agora de 'O Rei da Feira', que são histórias que fazem com que o público se veja na tela", refletiu.

Para Hassum, inclusive, essa identificação do público é algo preponderante para participar de um projeto.

"Eu sempre gostei. Isso sempre foi um fator muito determinante nas minhas escolhas para projetos. O público tá se vendo em cena? É uma história palpável? É uma comédia em que, por mais que o Leandro Hassum seja exagerado, seja o ator cômico, de chanchada e tudo mais, que o público vai olhar e vai falar assim: 'Eu conheço um cara assim! Eu já vi uma história parecida com essa, eu já passei um pouco por isso... Eu já passei numa feira que era bem assim como tá acontecendo no 'Rei da Feira'? Se for, eu topo. A feira é uma família, e eu gosto de fazer filme para a família. Então, assim, fazer um filme pra família com essa família que se forma numa feira, eu acho que é juntar uma coisa que eu amo com outra coisa que eu adoro, que é comida, feira e diversão. Então acho que o filme tá muito gostoso", brincou o ator.

Apesar de estar se destacando internacionalmente nos streamings, o ator sabe a importância de ver filmes nos cinemas, e "O Rei da Feira" traz elementos na trama que são impulsionados pela experiência de ser visto em uma sala de cinema.

"'O Rei da Feira' é um filme para ser visto no cinema, sem dúvida. Por ele misturar esses vários universos, da comédia a essa coisa mística, e também o mistério e o crime, e essa pegada de Agatha Christie brasileira, acho que a gente precisa ver no cinema para não perder nada. Quando você lê um livro da Agatha Christie, se você pula uma página, você perde uma coisa importante. E o cinema te obriga a ficar olhando para frente, olhando para aquela tela e você não perde nada, então você entende tudo. Porque, com todo o amor ao streaming - eu vivo no streaming, longe de mim falar mal -, mas quando você está vendo um filme casa, você dá um pause aqui, aí vai ali, pega um sanduichinho, volta, não sei o quê. No cinema não tem o pause, irmão. Se tu perder um negocinho, danou-se. E tem filme que tudo bem você perder um negocinho, mas tem filme que se perder um negocinho, você não entende mais porra nenhuma [risos]. E 'O Rei da Feira' tem esse lugar de você ficar atento, do pessoal ficar aí assim: 'Eu acho que foi fulano, eu acho que foi não sei quem', sabe? Eu acho que isso também é sedutor, né? Estamos vendo agora aí o remake de 'Vale Tudo', do 'Quem Matou Odete Roitman?'. Em 'O Rei da Feira' é 'Quem Matou o Bode?'. Acho que a gente quer chegar nesse lugar, isso vai ser bem bacana", comentou.

Humor e mistério

A trama de "O Rei da Feira" traz esse mistério policial, mas também tem esses elementos sobrenaturais, que dialogam entre si por meio da comédia. Essa história meio louca deixou o próprio Leandro confuso, mas bastou ler o roteiro com um elenco para ele entender a grande sacada do projeto.

"O convite veio da Imagem Filmes, né? O Gustavo Calenzani, que é o nosso roteirista, tinha muita vontade de trabalhar comigo. Ele pensou esse roteiro e me enviou. E eu, num primeiro momento, peguei o roteiro para ler sozinho e tive muita dificuldade, porque ele é um texto com muita rubrica, poucas falas, idas e vindas e tal. Quando Felipe Joffily, meu grande parceiro e amigo há mais de 20 anos, e diretor do filme, entrou no projeto, eu falei: 'Felipe, eu preciso ler com o elenco, mesmo que seja um elenco que não o definitivo, mas eu preciso ler com uma galera para poder entender para onde essa história está indo'. E depois que li, percebi: 'É um Agatha Christie brasileiro que se passa numa feira". E tipo, cara, Agatha Christie é um livro de suspense, parece uma coisa meio cabeça, mas é muito popular. Todo mundo já viu uma história de Agatha Christie, sabe? Quando você fala Agatha Christie, é suspense puro. Quem matou? Foi o Mordomo? Tem o detetive Poirot e tudo isso. Eu falei: 'Cara, isso me intriga de fazer. Eu não fiz uma coisa assim ainda". É um suspense que se passa em uma feira, que é um lugar mais popular possível. Quer um lugar de mais contato com público do que uma feira? Um crime numa feira é como se fosse um crime da Agatha Christie numa família, numa mansão em Londres, né? Só que a gente está fazendo isso da forma mais brasileira possível. Eu gosto muito disso".

Essa possibilidade de abrasileirar as histórias agrada muito o ator, que tenta entrar em projetos que permitam brincar com essas características tipicamente nacionais.

"Se você pegar meu filme 'Tudo Bem no Natal Que Vem', na Netflix, é isso. A gente conta uma história de Natal brasileira, não é uma história que tem neve. É uma história que tem sovaco suado, briga na fila do mercado, tio chato, todo mundo arrumado para ficar na sala vendo o Roberto Carlos. Então, assim, quando eu digo para você que 'O Rei da Feira' é uma Agatha Christie brasileira, é isso. É a família da feira. Em vez de ser uma mansão, a mansão é a feira, o crime acontece ali, tudo se resolve ali. O detetive chega, mas é um policial que faz um dinheiro extra na feira. Então tem um conjunto de coisas que me atraiu muito nessa possibilidade de construir a identificação com o público", afirmou Hassum.

Streaming x Cinema

Nos últimos anos, vem se fortalecendo um debate sobre os streamings e os cinemas. No entanto, Leandro Hassum é um ator que tem conseguido se destacar em ambos os formatos. Para ele, a principal diferença se dá no tempo de construção de situações no roteiro.

"Quando você faz um projeto para o streaming, é uma mistura da TV com o cinema. É uma roupagem de cinema, obviamente, você trabalha com produtoras de cinema, né, e tal, mas que você faz para o público te assistir em casa. Então, você tem essa parada do algoritmo, que você tem que engajar a audiência nos cinco primeiros minutos. A história tem que ganhar o público ali nos cinco primeiros minutos. O crime tem que acontecer no minuto dois do filme, né? Para a pessoa querer ficar ali, senão o pessoal pode sair para o cardápio do streaming e buscar outro filme. No cinema, você tem mais esse tempo, você tem a construção da cena para criar ansiedade no público para ver o que vai acontecer. Então, a gente tenta achar esse meio termo. Eu, graças a Deus, desde 2019, quando entrei pro streaming, todos os meus filmes foram top 1, todos os meus filmes já foram top 10 no mundo. Então, isso para mim é uma coisa muito bacana. Entender essa diferença, entender como que eu posso falar em cada um, esse jogo de cena que você faz para trazer um pouquinho do streaming pro cinema, e levar um pouquinho do cinema pro streaming. E a gente tá conseguindo fazer isso. A gente, graças a Deus, está conseguindo fazer isso", refletiu.

Personagem que gostaria de interpretar

Nos últimos anos, dentre cinema e streaming, Leandro Hassum estrelou um drama de natal, um caçador de vampiros e agora, em 'O Rei da Feira', um policial sobrenatural. Diante de tantos personagens, o ator revelou qual papel ele ainda não teve a oportunidade de interpretar, mas gostaria muito: um Serial Killer.

"Tem muitos, né? Mas tenho vontade de fazer um serial killer. Engraçado, né? Ainda não surgiu essa oportunidade. Já surgiram alguns personagens, algumas coisas boas, né? Agora mesmo eu fiz o Silvio Santos, que que vai estrear também ainda esse ano. E surgiram alguns filmes que ainda não posso falar, que são personagens mais dramáticos e tal, mas eu tenho muita vontade de fazer um serial killer meio brasileiro assim, sabe? Eu quero fazer um fictício, criar o meu próprio serial killer", revelou.

Terror x Comédia

Durante a conversa, Hassum revelou ser apaixonado por filmes de terror e falou sobre seus personagens favoritos.

"Eu sou apaixonado por filme de serial killer, eu adoro filme de terror, de suspense. Eu assisto mais do que comédia, acredita? Juro para você. Então tenho muita vontade de fazer um serial killer, mas ainda não pintou não. Quem sabe eu falando aqui surja essa oportunidade. Eu já fiz um filme com vampiros, né? Mas foi uma comédia, um 'terrir'. Eu adoro esses filmes de terror, tem aquela franquia 'Terrifier', quem me apresentou até foi o meu assessor, que é de um artista de efeitos visuais, e ele criou esse palhaço demoníaco que tem uma série de filmes. Tem até um de Natal, que tem sangue pra caramba, tem cabeça arrancada. Eu tenho vontade de fazer esse terror, sabe? Meio Freddy Krueger, muito sinistro. É muito bom. Amo "Sexta-feira 13", "Hora do Pesadelo", "Halloween", cara, eu amo! Tenho essa vontade de fazer umas paradas assim, que tem aqueles 'jumpscare', acho muito maneiro", concluiu Leandro Hassum.