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Fumaça preta na primeira votação do Conclave

Cardeais não conseguiram eleger um novo papa na primeira votação | Foto: DiaEsportivo/Folhapress

Fiéis católicos no mundo todo terão de aguardar ao menos até esta quinta (8) para o 'Habemus Papam'. A primeira e única votação do conclave nesta quarta-feira (7) terminou com fumaça preta na chaminé da Capela Sistina, frustrando o público na praça São Pedro, no Vaticano. O sinal foi dado às 16h (20h) em Roma), confirmando que o processo para a escolha do novo papa continua.

A fumaça preta era, de certa forma, algo esperado diante do histórico dos conclaves. Nenhum dos dez últimos, por exemplo, acabou na primeira votação. De 1903 para cá, o que chegou mais perto disso foi a eleição de Pio 12, em 1939; ele foi escolhido no segundo dia pela manhã, na terceira sessão de voto. Dos mais recentes, Joseph Ratzinger se tornou Bento 16 na quarta votação, e Jorge Mario Bergoglio passou a ser Francisco após a quinta.

O dia começou para os cardeais votantes com a missa "Pro Eligendo Pontifice" (para a eleição do pontífice), às 5h (10h locais) desta quarta (7), na Basílica de São Pedro. A celebração foi conduzida pelo decano do Colégio Cardinalício, Horas depois, os cardeais seguiram para uma reza na Capela Paulina antes de partirem, em procissão, para a Capela Sistina. Às 12h46 (17h46 em Roma), o mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, o arcebispo italiano Diego Giovanni Ravelli, proclamou o 'extra omnes' (todos fora), ordenando que todos os que não participam da eleição deixassem a Sistina. As portas foram trancadas, marcando o início do conclave.

Encerrada esta primeira votação, os cardeais partirão para seus aposentos — a maioria está hospedada na Casa Santa Marta —, onde descansarão para continuar o conclave nesta quinta (8). A partir deste segundo dia, são duas votações no turno da manhã e duas no período da tarde/noite. Se a primeira votação de cada turno não eleger um candidato, a seguinte começa imediatamente.

Caso esta também termine sem ninguém alcançar dois terços dos votos, as cédulas de cada cardeal das duas sessões são queimadas juntas. Ou seja, a fumaça preta só aparece uma vez. Isso também vale para o turno da tarde/noite. Isso quer dizer que, se nas quatro votações não houver um eleito, a fumaça preta só aparecerá duas vezes naquele dia.

Dos cardeais que participaram deste conclave, sete são brasileiros. Por ordem de idade, Paulo Cezar Costa, 57; Jaime Spengler, 64; Sérgio da Rocha, 65; Leonardo Steiner, 74; Orani Tempesta, 74; e João Braz de Aviz, 78. O oitavo cardeal do Brasil, dom Raymundo Damasceno Assis, 88, não pode votar por ter mais de 80 anos.

Demora na primeira votação

A primeira sessão de votação do conclave demorou mais do que se esperava. Foram 3 horas e 14 minutos entre o fechamento das portas da Capela Sistina, que marca o início do processo, e o sinal de fumaça preta na chaminé da Capela Sistina. O "extra omnes" (todos fora), em que os não eleitores deixaram a capela para as portas se fecharem logo depois, ocorreu às 12h46 de Brasília (17h46 em Roma). E a fumaça apareceu no céu do Vaticano exatamente às 16h (21h).

Em relação ao conclave anterior, de 2013, a sessão foi mais longa em mais de uma hora. Na eleição em que Jorge Mario Bergoglio saiu vencedor, o fechamento das portas ocorreu às 13h35 de Brasília (17h35 locais, pois o fuso era de 4 horas naquele período do ano). E o sinal de fumaça preta foi visto pela primeira vez pelo público às 15h41 (19h41). Ou seja, a sessão demorou 2 horas e 6 minutos.

Essa aparente demora se deve, em parte, ao fato de que há mais cardeais eleitores desta vez. São 133, 18 a mais que os 115 que votaram em 2013. Como cada um deles tem de fazer um juramento antes de depositar seu voto, esse processo leva mais tempo.

Por André Fontenelle (Folhapress)