Por Sônia Paes
Sem sinal de trégua de nenhum dos lados, Os Estados Unidos, de Donald Trump, e a China, de Xi Jinping, travam uma guerra comercial sem precedentes e deixa o mundo em estado de alerta. A cada investida de Trump, como a ocorrida nesta quarta-feira (09), com o anúncio de tarifas que chegam a 125% (antes as taxas eram de 104%), a China rebate, com imposições aos EUA e também anunciou novo aumento nas tarifas aplicadas a produtos dos EUA. O percentual chinês passou de 34% para 84% e passa a valer a partir desta quinta-feira (10).
-A decisão dos EUA de aumentar as tarifas sobre a China é um erro atrás do outro. Ela infringe seriamente os direitos e interesses legítimos da China, prejudica seriamente o sistema de comércio multilateral baseado em regras e tem um impacto severo na estabilidade da ordem econômica global. É um exemplo típico de unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica - afirmou, em nota, o Ministério de Finanças chinês.
Trump, conhecido pelo uso das redes sociais, rebateu a China com uma postagem: "Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou aumentando a tarifa cobrada da China pelos EUA para 125%. Em algum momento, esperançosamente em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis", disse o presidente dos EUA, em uma rede social.
De olhos bem abertos
Os olhos da população mundial estão bem abertos e totalmente voltados para o cabo de guerra entre os norte americanos e os chineses, com todas as incertezas e riscos relacionados atualmente á economia global. Só para se ter uma ideia, juntos, China e EUA movimentaram cerca de US$ 585 bilhões em comércio em 2024. Ou seja: os dois países configuram uma grande parte da economia mundial. No caso de uma desaceleração devido a tensões, o reflexo irá reduzir diretamente o crescimento global ou, nas melhores das hipóteses, causar uma lentidão, segundo especialistas da área econômica.
Ainda de acordo com especialistas, outra hipótese seria o redirecionamento de produtos chineses para outros mercados, no caso se eles não entrarem nos Estados Unidos. Neste caso, pode haver venda de produtos abaixo do preço para aumento de participação no mercado, com as chamadas práticas de dumping. O resultado seria prejudical a produtores locais em outros países. Ou pior: pode levar até mesmo à recessão, se a guerra de tarifas for estendida.
União Europeia,
China e Canadá
A briga entre as duas maiores potências mundiais levou à reação da União Europeia que, por sua vez, resolveu retaliar os EUA e se aliar à China. O bloco europeu aprovou um pacote de medidas, que prevê a taxação de 25% sobre produtos norte-americanos. A ação foi em resposta as taxas de 25% sonbre o aço e o alumínio dos países da UE.
O pacote da UE inclui produtos como soja, suco de laranja, carne, motos e itens de beleza e promote gerar um impacto de 20 bilhões de euros. A previsão é de que as taxas começem a ser cobradas dos EUA em 15 de abril.
Os países da União Europeia adotaram um tom mais ameno, no entanto: "Essas medidas podem ser suspensas a qualquer momento, caso os EUA concordem com um resultado negociado justo e equilibrado", disse, por meio de nota, a Comissão Europeia.
Também alvo de Trump, o primeiro ministro do Canadá, Mark Carney, usou das mesmas táticas do presidente norte-americano. Foi às redes sociais e anunciou tarifas de 25% sobre todos os veículos não compatíveis com o acordo Canadá-Estados Unidos-México. "O presidente Trump causou essa crise comercial, e o Canadá está respondendo com propósito e força", pontuou, em comunicado divulgado à imprensa.
Brasil é taxado em 10% e não anuncia retaliações.
Donaldo Trump anunciou ainda, nesta quarta-feira (9) a redução da taxação de 75 países para 10%. A medida vale por 90 dias e foi tomada enquanto o presidente norte-americano negocia com os chefes de Estado e governo desses países. O Brasil está incluído nesse pacote.
"Com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos EUA para negociar uma solução para os assuntos em discussão, e que esses países não retaliaram de forma alguma os EUA, por minha forte sugestão, autorizei uma pausa de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato", disse Trump.