Redação*
A retomada de investimentos na Indústria Naval e Offshore brasileira no âmbito do Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras foi anunciada nesta segunda-feira, dia 17, no Terminal de Angra dos Reis (Tebig), na região da Costa Verde, no Estado do Rio de Janeiro. O anúncio foi feito pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, ao lado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e do presidente da Transpetro, Sérgio Bacci.
Magda Chambriard destacou que os investimentos viabilizarão, sobretudo, as contratações de equipamentos "topsides", que separam óleo, gás e água, construídos inicialmente no Rio e no Espírito Santo. "As encomendas aumentaram tanto que nós já estamos espraiando isso para outros estaleiros. Já são mais 3 no Rio de Janeiro e mais 2 no Espírito Santo", destacou.
Sérgio Bacci avaliou que o setor desenvolve economicamente as regiões onde estão instalados os estaleiros.
-Além dos trabalhadores e trabalhadoras dos estaleiros, também se beneficiam o comércio, os serviços e as demais atividades daquela região, fomentando o crescimento local. É por isso que não se pode abrir mão da Indústria Naval - afirmou durante discurso.
Nova frota
O Programa de Renovação e Ampliação da Frota faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A licitação anunciada hoje prevê a aquisição de cinco navios gaseiros do tipo pressurizado para transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP) e três navios do tipo semirrefrigerado capazes de transportar GLP e amônia.
De acordo com o governo, a ampliação da frota de gaseiros, de seis para 14 navios, leva em conta o aumento de produção de gás natural no país e pretende atender a demanda na costa brasileira e na navegação fluvial, como já ocorre na Região Norte do país e na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Essa contratação deve triplicar a capacidade da Transpetro para transportar GLP e derivados e, ainda, permitir à companhia carregar amônia, ampliando a carteira de serviços da companhia.
As empresas interessadas terão 90 dias para apresentar as propostas. De acordo com o cronograma, o primeiro navio deve ser lançado em até 30 meses após a formalização do contrato. Os demais devem ser entregues sucessivamente a cada seis meses.
"Os futuros gaseiros serão até 20% mais eficientes em termos de consumo, propiciarão redução de 30% nas emissões de gases do efeito estufa e estarão aptos para atuar em portos eletrificados", destacou a presidência da República, em comunicado.
Venda direta de combustível
Durante o evento, Lula defendeu a venda direta de combustíveis para baratear o custo desses produtos aos consumidores, sem a intermediação de empresas distribuidoras. Ele ainda criticou a privatização de empresas públicas afirmando que elas devem ser indutoras do desenvolvimento nacional.
-Eu acho que a Petrobras tem que tomar uma atitude. Sobretudo óleo diesel, a gente precisa vender para os grandes consumidores direto, se puder comprar direto, para que a gente possa baratear o preço desse diesel. Se a gente puder vender direto a gasolina, se a gente puder vender direto o gás, porque o povo é, no fundo, assaltado pelo intermediário. Ele é assaltado e a fama fica nas costas do governo - disse.
Lula lembrou que, além dos valores cobrados pelos distribuidores, também incide sobre os combustíveis o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado pelos estados. "O povo não sabe que a gasolina sai da Petrobras a R$ 3,04. E que na bomba ela é vendida a R$ 6,49. Ou seja, ela é vendida pelo dobro do que ela sai da Petrobras. Mas quando sai o aumento, o povo pensa que a Petrobras que aumentou. E nem sempre é a Petrobras, porque cada estado e cada posto tem liberdade de aumentar a hora que quer", disse.
Lula lembrou ainda que, até pouco tempo atrás, a lógica de importar máquinas e equipamentos prevalecia na Petrobras, pois comprar fora do país custava menos para a empresa. Segundo ele, o objetivo do governo, agora, é nacionalizar os fornecedores da companhia.
Sustentabilidade
A Petrobras também assinou protocolo de intenções para analisar a viabilidade do reaproveitamento de plataformas. Até 2029, serão desmobilizadas dez plataformas.
O documento também foi assinado por instituições da indústria que vão colaborar para o estudo, como o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Associação Brasileira das Empresas da Economia do Mar (Abeemar) e Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP).
O prefeito de Angra dos Reis, Cláudio Ferreti, e o seu vice, Rubinho Metalúrgico, acompanharam a cerimônia. "A retomada da indústria naval representa um grande avanço para o desenvolvimento econômico de Angra. Com esse evento, estamos abrindo caminho para mais oportunidades, especialmente na economia do mar, beneficiando diretamente nossos moradores. A parceria com a Petrobras e a Transpetro será fundamental para garantir formação profissional e novas perspectivas para os jovens", destacou o prefeito.
A presidente da Comissão Especial da Indústria Naval da Casa, a deputada estadual, Célia Jordão, celebrou o anúncio. Em 2023, ela entregou ao vice-presidente Geraldo Alckmin o Plano de Retomada da Indústria Naval e o Projeto Reciclagem Naval.
*Com informações da Agência Brasil.