Por Ana Luiza Rossi
Comum nesta estação, mas pode se tornar fatal. As chuvas de verão, que atingem todo Estado do Rio, já alertam as cidades do interior para que implementem medidas de prevenção - especialmente, as cidades que viveram as consequências dos fortes temporais.
Na região da Costa Verde, a prefeitura de Angra dos Reis iniciou o mês de janeiro com uma ação de prevenção na Japuíba. O local é um dos bairros que mais enfrenta desafios históricos relacionados a alagamentos, devido ao crescimento populacional e à alteração da bacia hidrográfica natural da região.
- A Japuíba tinha uma rede de pequenos riachos que escoavam as águas para o mar, mas, com o tempo, esses riachos foram sendo aterrados e substituídos por manilhas e valões. Além disso, a localização do bairro, no mesmo nível ou abaixo do nível do mar, agrava a situação, principalmente durante marés altas, que dificultam o escoamento das águas da chuva- explicou na época o secretário de Desenvolvimento Regional, Felipe Larrosa.
Para evitar os alagamentos, a equipe utilizou caminhões tipo vacall para desassorear as redes de águas pluviais, além de realizar a limpeza manual dos ralos. O trabalho, que é permanente, também inclui a dragagem constante da saída do Rio Japuíba, que é essencial para evitar que a areia obstrua os canais e prejudique o fluxo das águas.
Os trabalhos na Japuíba continuam em andamento, e, nos próximos meses, será divulgado um calendário oficial com os bairros que receberão as próximas etapas do programa de prevenção de alagamentos.
Bracuí
A preocupação com as fortes chuvas em Angra dos Reis também traz olhares para a região do Bracuí. Em dezembro de 2023, uma forte chuva aliada ao aumento da maré inundou o bairro e matou dois idosos por afogamento. Ainda, cerca de 300 pessoas foram desalojadas e cerca de 3.600 residências foram atingidas.
Para enfrentar o período de chuvas, foram iniciadas obras de 14 mil metros de enrocamento de pedra, além do desassoreamento de quase 140 mil metros cúbicos de leito do rio Bracuí.
Em entrevista exclusiva ao Correio Sul Fluminense, o antecessor do prefeito Claudio Ferreti, Fernando Jordão, explicou que em dezembro de 2024 - às vésperas da temporada de chuvas - o Ministério Público Federal e Justiça Federal decidiram embargar as obras do enrocamento. Na época, o ex-prefeito colocou a ação como uma temeridade e que a situação fosse resolvida o mais rápido possível.
Em janeiro deste ano, uma audiência de conciliação com o atual governo foi marcada, mas, não foram divulgadas outras informações se de fato a decisão tenha sido revertida.
Barra do Piraí
Já na região do Vale, Barra do Piraí também está em alerta. Aliás, a cidade está na lista do Estado de municípios que possuem alto risco geológico para deslizamentos em casos de chuvas e para isso, a prefeita Kátia Miki já arregaçou as mangas.
A secretaria municipal de Defesa Civil, na última semana, anunciou que está montando um cronograma para testes do sistema de alertas e alarmes por sirenes instalados no município e mantidos pela Defesa Civil Estadual.
De acordo com o secretário municipal de Defesa Civil, Rafael Champion, um dos protocolos é a execução de testes de manutenção e prevenção em conjunto com o Governo do Estado e a empresa responsável pelas sirenes. "Há algumas semanas, foi realizado o protocolo de teste para assegurar a funcionalidade dos equipamentos, visando dar segurança e proteção às comunidades", explicou Rafael.
A primeira comunidade a ter seus equipamentos testados foi a do Areal, onde as sirenes estão instaladas na Rua Sebastião de Carvalho. Durante os próximos meses, sempre no dia 10, uma comunidade terá seus equipamentos testados. A ação está sendo realizada em conjunto, entre a Defesa Civil Municipal e Estadual com o Cemaden-RJ (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), que é o responsável pelos protocolos. "Tão logo seja divulgado o bairro onde será realizado o próximo teste, estaremos divulgando, é muito importante que todos os equipamentos estejam em pleno funcionamento na cidade", apontou o chefe da pasta.
Tragédia
No último ano, em fevereiro, uma verdadeira cratera se abriu na Rodovia Lúcio Meira devido ao grande volume de chuvas que encharcaram o solo. O ocorrido aconteceu nas proximidades do bairro Lagoa Azul, em Barra do Piraí. Outros bairros também foram atingidos pelos alagamentos e chegaram a registrar desabamentos totais e parciais de imóveis.
Na mesma madrugada, aconteceu um deslizamento de terra provocado pelo temporal que atingiu um imóvel de três andares. Uma família de quatro pessoas - entre eles, uma idosa e um bebê - morreram soterradas. Outras cinco pessoas foram encontradas e chegaram a ser levadas para um hospital público da cidade.
Barra Mansa
No início do mês, a prefeitura de Barra Mansa, também na região do Vale, afirmou que para intensificar as estratégias, aconteceu uma reunião entre o prefeito Furlani, representantes da Defesa Civil Municipal e o coordenador Regional de Defesa Civil do Sul Fluminense, major Diego Paiva.
A intenção seria coordenar ações para tomadas de ações durantes as crises de emergência desencadeadas pelos desastres naturais. Na época, o coordenador regional destacou a importância do alinhamento entre o governo e as forças de Defesa Civil para ações mais eficazes.
- A união entre os envolvidos em ações emergenciais, falando a mesma língua, é importante para ações eficazes. Esperamos não usar a competência e estrutura que temos, pois isso envolve vidas e a segurança da população, mas estamos preparados para agir, inclusive de forma preventiva, pois as mudanças climáticas são uma realidade e trazem consigo todas as suas consequências - destacou o coordenador.
Monitoramento
Em Barra Mansa, o monitoramento preventivo da Compdec-BM (Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Barra Mansa) conta com o auxílio de dez sirenes instaladas em diferentes bairros da cidade: Boa Sorte; Boa Vista; Cotiara; Metalúrgico; Monte Cristo; Nova Esperança; Paraíso de Cima (Vila Natal); Vila Coringa; Vila Nova e Vista Alegre.
Boletins meteorológicos são emitidos pelo Centro Estadual de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden-RJ) e Cemaden Nacional, além do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Com base nos dados, as equipes analisam o risco e emitem os alertas à população pelas sirenes ou pelo sistema SMS para os telefones cadastrados.
Em caso de emergência, a Defesa Civil disponibiliza o telefone 199 para contato. Em Barra Mansa, também é possível se comunicar com a coordenadoria através do WhatsApp (24) 98121-3427.
Programa Limpa Rio
Aliás, nesta última segunda-feira (03), Barra Mansa recebeu manutenção e limpeza dos rios da cidade. O Programa Limpa Rio, desenvolvido pela Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e realizado por meio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), começou a beneficiar o Rio Bocaina.
A ação promove o desassoreamento dos rios e garante o fluxo de água e a estabilização das margens para prevenir erosões e reduzir o risco de inundações durante os períodos de chuvas intensas, proporcionando segurança para a população das áreas próximas aos corpos hídricos.