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Dengue: maior preocupação é com a região Sudeste

Municípios intensificam campanha para eliminar focos do mosquito, mas casos da doença continuam subindo | Foto: Divulgação/PMP

Dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quinta-feira (30) mostram que, quando consideradas as quatro primeiras semanas de 2025, o cenário de dengue na Região Norte do Brasil segue no mesmo patamar de 2024, com números que a pasta classifica como "não muito exuberantes".

O Nordeste mantem a mesma linha, com uma pequena redução no total de casos. O Centro-Oeste e o Sul registraram o que o ministério se refere como "redução substancial", sobretudo em decorrência da queda de casos no Distrito Federal, em Goiás, no Paraná e em Santa Catarina.

"Nossa preocupação é o Sudeste. Quando olhamos os números, semana a semana, temos a impressão de que a situação está tranquila. Mas, quando mergulhamos o olhar sobre o estado de São Paulo, estamos observando, semana após semana, o dobro do número de casos de dengue quando comparamos com 2024", destacou o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente, Rivaldo Venâncio.

Segundo Rivaldo, o estado de São Paulo saiu de um patamar de quase 50 mil casos nas quatro primeiras semanas de 2024 para praticamente 100 mil casos nas quatro primeiras semanas de 2025. "Ou seja, o dobro de casos. Bem diferente de Minas Gerais, onde há uma redução de aproximadamente 85% em números absolutos - de 123 mil para 16 mil casos, quando comparados 2024 com 2025".

Dengue tipo 3

Para o secretário, o aumento na circulação do sorotipo 3 da dengue no Brasil figura como um dos principais causadores da elevação verificada pela pasta no número de casos da doença no Sudeste. "Em especial no estado de São Paulo e um pouco no Paraná também", destacou.

"Desde julho do ano passado, mês a mês, está crescendo a detecção do sorotipo 3 Brasil afora. Então, em algumas localidades que ainda não registraram dengue 3, muito provavelmente, é questão de tempo, infelizmente", concluiu Rivaldo.

Entenda

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que afeta milhões de pessoas no mundo - sobretudo em países tropicais como o Brasil. O vírus pertence à família dos flavivírus e tem quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um deles, segundo o ministério, pode causar desde infecções assintomáticas até quadros graves da doença.

Os quatro sorotipos, segundo a pasta, são suficientemente distintos para que uma infecção por um deles não ofereça imunidade contra os outros. Isso significa que uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes. O ministério alerta ainda que, enquanto a infecção por um sorotipo tem efeito protetor permanente contra ele e efeito protetor temporário contra os outros, infecções consecutivas aumentam o risco de formas mais graves da dengue.

O DENV-3 vem sendo detectado, ao longo das últimas semanas, em meio a testes positivos para dengue em todo o país - sobretudo em São Paulo, em Minas Gerais, no Amapá e no Paraná. O cenário preocupa autoridades sanitárias, já que o sorotipo não circula de forma predominante no país desde 2008, e grande parte da população está suscetível a ele.

Segundo a pasta, a introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros sorotipos de dengue pode levar a um cenário de "epidemias significativas".

Por Paula Laboissière - Agência Brasil