Por: Martha Imenes

Motoristas por aplicativo rejeitam CLT

Motoristas de aplicativo somente aceitariam CLT se o salário passasse de R$ 7 mil mensais | Foto: Divulgação

Motoristas que trabalham em plataformas de transporte por aplicativo rejeitam o vínculo empregatício pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O resultado é fruto de pesquisa do Datafolha a pedido da Uber. Lembrando que algumas plataformas oferecem o transporte também por motos. Um ponto a destacar: mesmo que não seja celetista o motorista precisa fazer contribuições previdenciárias, independentemente da idade, para ficar assegurado em caso de auxílio-doença, auxílio-acidente, salário-maternidade e aposentadoria, inclusive por invalidez. 

Conforme a pesquisa, em relação à modalidade intermitente, inserida na CLT em 2017, mostra que 66% dos motoristas disseram que o modelo não se adequa às suas necessidades, e, considerando somente quem soube responder, o percentual de rejeição à modalidade intermitente sobe para 76%.

Para contribuir como autônomo/contribuinte individual o motorista pode pagar mensalmente o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com base na alíquota específica que varia de 11% do salário mínimo ou 20% do salário mínimo até o teto do INSS, que está em R$ R$ 8.157,41.

Quem opta por ser MEI (microempreendedor individual) precisa se inscrever como "motorista de aplicativo independente", categoria criada em 2019 e pagar uma taxa mensal fixa através do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), no valor de 5% do salário mínimo, com acréscimo de R$ 5 de Imposto sobre Serviço (ISS), independente do faturamento.

Importante: o MEI e o trabalhador autônomo seguem legislações diferentes. Ambos não estão ligados a nenhuma empresa e emitem nota fiscal. Entretanto, um trabalhador autônomo é uma pessoa física e MEI é pessoa jurídica. O microempreendedor também precisa recolher INSS, mas faz isso de outra forma: por meio da contribuição mensal vinculada ao CNPJ. Por isso, o MEI não precisa emitir a GPS para contribuir (apenas se desejar aumentar o valor de recolhimento previdenciário).

Salários

Qestionados se aceitariam mudar para um emprego CLT ganhando o mesmo valor líquido que ganham atualmente, 54% dos motoristas responderam que não.

No entanto, seis em cada 10 aceitariam oferta de emprego CLT em tempo integral caso a oferta fosse de até quatro salários mínimos líquidos.

Outros dois em cada 10 aceitariam se a oferta fosse entre quatro e sete salários mínimos. Em média, aceitariam oferta de R$ 5.874, que representaria salário bruto de aproximadamente R$ 7.745.

Atenção aos códigos

Ao pagar o INSS por conta própria, é preciso indicar um código de pagamento. Esse código identifica o tipo de contribuição que será realizada e se será mensal ou trimestral. Os contribuintes individuais (categoria em que se enquadram os trabalhadores autônomos) têm alguns códigos a escolher, conheça os dois principais:

Código 1163: esse é um plano simplificado de recolhimento mensal, com alíquota de 11% sobre o salário mínimo. Essa contribuição dá direito à aposentadoria apenas por idade.

Código 1007: plano tradicional, para quem presta serviços a pessoas físicas. A contribuição é feita a partir de 20% do salário mínimo até 20% do teto do INSS.

Complementação de MEI

Para garantir uma aposentadoria maior como MEI, é necessário fazer a complementação da contribuição ao INSS. Isso pode ser feito por meio da emissão de uma Guia da Previdência Social (GPS) com um valor adicional de 15% sobre o salário mínimo, para atingir 20% sobre o salário de contribuição escolhido, ou sobre um valor maior que você deseja. A complementação de 15% é a maneira mais comum, mas é possível contribuir sobre um valor mais elevado, até o teto do INSS.

Por que é importante contribuir

Os anos de contribuição do trabalhador permitem que no futuro ele possa se aposentar, de acordo com as regras válidas para a sua geração. Mas o acesso aos benefícios não começa só com a aposentadoria.

A Previdência Social oferece aos segurados e familiares proteção de renda salarial nos casos de doença, acidente de trabalho, maternidade, velhice, morte ou reclusão. Confira os benefícios garantidos aos contribuintes:

- Aposentadoria por idade

- Aposentadoria por tempo de contribuição

- Pensão por morte

- Benefício por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença)

- Benefício por incapacidade permanente (aposentadoria por invalidez)

- Auxílio-acidente

- Auxílio-reclusão

- Salário-maternidade

- Salário-família

 

Complementação do benefício

Ainda conforme a pesquisa, apenas 21% afirmam ter margem para despesas extras, como lazer e vestuário, e 12% conseguem investir, viajar ou ajudar financeiramente familiares.

O estudo também mostra que a renda do INSS nem sempre é suficiente para cobrir as despesas mensais: 40% afirmam precisar complementar a renda, 21% dizem conseguir se no limite, e 39% dizem que sobra dinheiro ao final do mês.

Do total dos entrevistados, no entanto, 70% recebem apenas o benefício previdenciário.