Por: Martha Imeness

Ministro é a favor de reforma administrativa nos Três Poderes

As propostas do grupo de trabalho para reforma do serviço público ainda serão avaliadas | Foto: Ana Volpe/Agência Senado

A reforma administrativa do serviço público tem deixado servidores apreensivos, principalmente por conta da perda de direitos, como estabilidade, por exemplo. O grupo de trabalho, enfim, apresentou o texto, que tem três propostas: uma Emenda à Constituição, um projeto de lei complementar e outro de lei ordinária.

Entre as medidas sugeridas estão mudanças na organização dos concursos públicos e dos cargos comissionados e nas regras para contratação de trabalhadores temporários, entre outros. 

Para colocar mais pimenta nesse caruru, o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, afirmou que apoia uma reforma "ampla e genuinamente republicana" no serviço público, mas afirmou que algumas garantias devem ser mantidas para preservar a independência do Judiciário.

Fachin, no entanto, disse que a reforma deve alcançar "todos os Poderes e instituições do Estado".

Ainda conforme a nota do STF, a"Presidência inicia uma preparação de manifestação que oportunamente levará à Presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal".

Férias de 60 dias

No Judiciário, a reforma pretende aplicar a demissão de juízes condenados por infrações disciplinares e acabar com a aposentadoria compulsória como punição máxima, proibição de férias de 60 dias para juízes e vedação do pagamento de licenças condicionadas ao tempo de serviço.

"A presidência reitera que garantias constitucionais como a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos não constituem privilégios, mas instrumentos indispensáveis à independência judicial e, portanto, à proteção dos direitos e liberdades dos cidadãos frente a eventuais arbitrariedades do poder político", completou o ministro.

Conheça a proposta

Disponível na página da Câmada dos Deputados, os projetos preveem critérios para a remuneração, inclusive com avaliações periódicas dos servidores como condição para progressão nas carreiras e para o pagamento de gratificações.

Nenhum dos textos prevê mudanças na estabilidade dos funcionários públicos. Mais uma vez, o coordenador do grupo, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), garantiu que a intenção da reforma é melhorar a qualidade dos serviços prestados à população.

"O objetivo dessa reforma é melhorar a produtividade da administração pública, olhar para resultado. Uma boa administração pública é um direito do cidadão", salientou.

Concursos

Para a realização de concursos, as propostas exigem que os gestores públicos dimensionem o quadro de pessoal e definam áreas prioritárias. Além disso, os processos de seleção devem priorizar carreiras transversais, de modo que os profissionais contratados possam atuar em mais de um órgão, de acordo com a demanda da administração pública.

 

União, estados e municípios teriam tabela remuneratória unificada

Os projetos apresentados também preveem que União, estados e municípios adotem uma tabela remuneratória unificada para todos os cargos do serviço público, com base nas funções exercidas. O projeto concede dez anos, após a promulgação da nova lei, para que os gestores públicos organizem a tabela.

De acordo com Pedro Paulo, o sistema atual de gestão de pessoas é "excessivamente fragmentado". Segundo afirma, somente no Poder Executivo federal existem mais de 2 mil cargos distintos, muitos deles sobrepostos e com regras remuneratórias diferentes.

O projeto também veta o pagamento de gratificação por categorias profissionais ou por tempo de serviço, por exemplo. Qualquer tipo de pagamento adicional só poderá ser concedido em função de desempenho e terá de ser limitado a trabalhadores da ativa.

"O modelo de avaliação em desempenho é o que foi concebido pelo Ministério de Gestão e Inovação. Nós vamos colocar alguns mecanismos de verificação dessa avaliação em desempenho - por exemplo, trazer o Tribunal de Contas para ser um verificador independente, para que possa estar atento a conluios, a problemas nessas avaliações de desempenho", disse Pedro Paulo.

De acordo com o deputado, isso vai afastar avaliações "precárias" e "persecutórias". "E eu não estou trazendo só avaliação de desempenho, a gente está trazendo, por exemplo, o bônus", acrescentou.

Pelas propostas, esse bônus de desempenho poderá exceder o teto de remuneração do serviço público. No entanto, será limitado ao valor de duas remunerações por ano. Para quem ocupa cargos em comissão e funções de confiança, esse valor sobe para até quatro remunerações anuais.

Contratados

O projeto de reforma administrativa ainda limita o número de contratados para cargos comissionados e de confiança a 5% do total. Esse porcentual pode subir para até 10% em situações devidamente justificadas.

Outra inovação proposta pelo grupo de trabalho são regras para trabalhadores temporários, que só poderão ser admitidos por meio de processo seletivo simplificado. Além disso, o projeto concede direitos mínimos a esses trabalhadores, como 13º salário, 30 dias de férias anuais e indenização, quando demitidos, no valor de uma remuneração mensal por ano trabalhado.

Os cartórios também passarão a contar com novas regras, caso a reforma seja aprovada. A proposta de emenda à Constituição determina que, após 75 anos, a concessão expira.

O limite de remuneração do concessionário também será de 13 vezes o valor do teto do funcionalismo público. O teto equivale a R$ 46,3 mil.