Por: Martha Imenes

Chega ao fim o reinado de Costa no BRB. Vorcaro é preso

Paulo Henrique Costa foi afastado da presidência do BRB | Foto: Divulgação

Chega ao fim o reinado de Paulo Roberto Costa à Frente do Banco Regional de Brasília (BRB). Mesmo fazendo curso no exterior Costa foi afastado do cargo por decisão judicial.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), indicou Celso Eloi de Souza Cavalhero para assumir a presidência do BRB.

Em nota, o BRB disse que o afastamento de Paulo Henrique Costa é de 60 dias. O pedido de afastamento ocorre no âmbito de uma operação da Polícia Federal, que também resultou na prisão do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, e outros quatro diretores da instituição.

Costa estava à frente do BRB desde 2019 e conduziu a tentativa de compra do Banco Master pela instituição. ele foi indicado pelo governador Ibaneis Rocha.

O que diz o BRB

"O BRB reforça que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.

O Banco informa, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira (19). A decisão judicial que orienta a atuação da Polícia Federal nas dependências do Banco determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.

A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O Banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional."

 

Desconfiança do mercado financeiro

O Master também enfrenta a desconfiança do mercado financeiro. Recentemente, a instituição financeira tentou uma emissão de títulos em dólares, mas não conseguiu captar recursos. Operações do banco com precatórios, títulos de dívidas de governos com sentença judicial definitiva, também aumentaram dúvidas sobre a situação financeira da instituição.

Daniel Vorcaro, do Banco Master, que tentava deixar o país está detido na Superintendência da PF, em São Paulo. Ele é suspeito de comercializar títulos falsos acima da taxa do mercado. O prejuízo pode chegar a R$ 12 bilhões. 

Em nota, o banco estatal do Distrito Federal confirmou que Costa e Júnior se afastarão de seus cargos por ao menos 60 dias e garantiu que seguirá operando normalmente, "preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda sua estrutura operacional".

A decisão foi assinada pelo juiz Carlos Fernando Fecchio dos Santos, da 1ª Vara da Fazenda Pública, e atendeu ao pedido de liminar protocolado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).  O negócio é considerado polêmico porque o Banco Master tem uma política agressiva para captar recursos, oferecendo rendimentos de até 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) a quem compra papéis da instituição financeira, bastante superiores às taxas médias para bancos pequenos.

A venda anunciada um grupo de investidores da Fictor Holding Financeira, em conjunto com um consórcio formado por investidores dos Emirados Árabes Unidos - que somam mais de US$ 100 bilhões em ativos sob gestão - foi concelada. A operação incluiria um aporte imediato de R$ 3 bilhões destinado ao fortalecimento da estrutura de capital do banco.

BC oficializa liquidação da corretora

O Banco Central oficializou, por meio de comunicado, a liquidação extrajudicial da Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Imobiliários.

O documento coloca como liquidante extrajudicial, com "amplos poderes de administração e representação da sociedade", a empresa EFB Regimes Especiais de Empresas; e, como responsável técnico, Eduardo Felix Bianchini.

"Eventuais informações a respeito da existência de bens ou valores inscritos ou registrados nessas instituições em nome da Master S/A Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários devem ser transmitidas diretamente ao liquidante extrajudicial", informa o comunicado.

A medida está relacionada à Operação Compliance Zero, que resultou na prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, em Guarulhos (SP). Ele está detido na Superintendência da PF, em São Paulo.

A prisão do empresário acontece um dia depois da compra de seu empreendimento pela Fictor Holding Financeira. De acordo com os investigadores, a operação foi deflagrada com o objetivo de combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional.

São cumpridos mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.

O comunicado divulgado pelo BC decretou como indisponíveis os bens de controladores e ex-administradores do grupo.

São eles:

Controladores

- Master Holding Financeira S.A., CNPJ 54.331.263/0001-02

- 133 Investimentos e Participações Ltda, CNPJ 31.093.039/0001-24

- Armando Miguel Gallo Neto, CPF 128.207.668-03

- Daniel Bueno Vorcaro, CPF 062.098.326-44

- Felipe Wallace Simonsen, CPF 180.471.708-80

Ex-administradores

Angelo Antonio Ribeiro da Silva CPF 013.529.807-54

José Ricardo de Queiroz Pereira, CPF 866.978.117-49

Luiz Antonio Bull, CPF 964.812.268-72

Reinaldo Hossepian Salles Lima, CPF 022.622.048-61

Vinicius da Silva Pinto, CPF 315.706.708-70

Próximos passos

O Banco Master tem cerca de 1,6 milhão de correntistas com dinheiro aplicado no banco. E como fazer? O primeiro passo é aguardar uma ação do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que vai coletar informações do master e os cadastros que o FGC irá fazer. Depois disso o fundo garantindor em 30 dias dirá como serão pagos os recursos. Por fim, é preciso voltar no cronograma e dizer que tem interesse de receber esse dinheiro.

Deputado defende CPI para debater negócios entre o BRB e o Master

Deputado da oposição Max Maciel (PSol) diz que a cada nova revelação, a gravidade do que o Distrito Federeal está enfrentando só aumenta. "Já sabíamos das irregularidades, mas agora estamos diante de um escândalo que pode chegar a R$ 12 bilhões em fraudes. Diante disso, não existe outro caminho, precisamos avançar imediatamente nas investigações e aprofundar o que já foi levantado", diz Maciel.

Direção

Segundo ele, o afastamento da atual direção é apenas o primeiro passo. "O Distrito Federal exige transparência, responsabilidade e um compromisso real com o interesse público. Por isso, esperamos que o GDF colabore com rigor, e que a base governista faça sua parte assinando a CPI. Quem não deve nada não tem por que temer apuração", adverte.

Coleta

"Nossa bancada segue firme na coleta de assinaturas. A expectativa é alcançar as oito assinaturas necessárias para protocolar e, com a pressão da população, chegar às treze restantes que tornam a CPI prioritária. Esse é o momento em que o povo do DF precisa entender a dimensão do problema e cobrar posicionamento dos seus representantes", afirma o deputado.

Ele finaliza: "A CPI é fundamental para que esta Casa cumpra seu papel regimental de proteger o DF, fiscalizar o uso do dinheiro público e enfrentar qualquer esquema que prejudique a população".

Deputados

A Câmara Legislativa do DF tem atualmente 24 distritais. Assinaram o documento, os deputados Max Maciel, Fábio Félix, Gabriel Magno, Chico Vigilante, Ricardo Vale e Dayse Amarílio

Faltam 2 assinaturas para CPI ser protocolada e para ser prioritária são necessárias 13 assinaturas