Por: Martha Imenes

Pix faz 5 anos e movimenta cerca de R$ 30 tri por ano

Black Friday pode chegar a 89,3 mil tentativas de golpe | Foto: Marcelo Casagrande / Agencia RBS

O Pix completou cinco anos como o principal método de pagamento do país. Lançado pelo Banco Central em novembro de 2020, o meio de pagamentos digital movimentou R$ 26,4 trilhões no ano passado. Isso equivale a quase duas vezes o produto interno bruto (PIB) do Brasil em 2024. Neste ano, de acordo com o Banco Central, foram R$ 28 trilhões em transações via Pix até outubro.

O diretor de organização do sistema financeiro e resolução do Banco Central, Renato Gomes, avaliou que a plataforma incluiu mais pessoas no sistema bancário.

"Por um lado, teve essa redução de custo de distribuição de dinheiro. Por outro lado teve, vamos dizer assim, esse aumento da fatia de clientes e do consumo dos clientes e, obviamente, como o Pix trouxe muita concorrência com o sistema de pagamentos, acabou havendo uma redução de tarifas assim", disse.

O Pix foi criado primeiramente para facilitar transações entre pessoas com transferências instantâneas. Com o tempo novas funcionalidades foram adicionadas. Como o Pix, cobrança, que faz o papel do boleto, e o Pix automático, que equivale ao débito automático. Dados recentes mostram que 170 milhões de adultos e mais de 20 milhões de empresas usam o Pix.

Tecnologia nacional

As discussões para a criação do meio de pagamento que conquistou o país começaram oficialmente em 2016, com os requisitos fundamentais da ferramenta sendo lançados em 2018 pelo Banco Central. Em agosto de 2019, o BC comunicou que desenvolveu a base de dados e assumiu a administração do sistema de pagamentos instantâneos, que ganhou o nome Pix em fevereiro de 2020.

O Pix foi lançado, em caráter de teste, em 3 de novembro de 2020, para uma fatia entre 1% e 5% dos clientes de bancos e em horários especiais. O lançamento oficial, com funcionamento 24 horas e para todos os clientes que criarem chaves Pix, só ocorreu duas semanas mais tarde, em 16 de novembro de 2020.

Alvo de Trump

o contexto das medidas tomadas pelo governo dos Estados Unidos como pressão contra o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o meio de pagamento desenvolvido por servidores públicos brasileiros se tornou alvo de uma investigação comercial.

O governo Trump iniciou a investigação apontando que o Pix poderia prejudicar empresas financeiras americanas. Em uma resposta oficial enviada ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), o Brasil afirmou que o Pix visa à segurança do sistema financeiro, sem discriminar empresas estrangeiras.

Especialista

De acordo com Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), quando o Banco Central (BC) lançou o Pix, a proposta parecia ambiciosa: criar um sistema público, universal e instantâneo de pagamentos que reduzisse custos, aumentasse a eficiência e ampliasse a inclusão financeira. "Passados cinco anos, em 2025, o que se vê é uma transformação econômica profunda, que superou até as previsões mais otimistas", diz o professor.

O meio de pagamento se consolidou como o principal mecanismo de transações financeiras do país, diz o especialista, e é responsável por mais da metade das operações realizadas no Brasil, e se tornou um dos casos mais bem-sucedidos de inovação institucional em larga escala.

"O ritmo de adesão impressiona. Somente no primeiro semestre de 2025 foram registradas 36,9 bilhões de operações dentro de um total de 72,5 bilhões de transações financeiras no país. Em setembro do mesmo ano, o Pix alcançou seu recorde histórico ao processar 290 milhões de operações em apenas um dia, movimentando R$ 164,8 bilhões. Esses números não representam apenas volume, mas revelam a maturidade de uma infraestrutura capaz de suportar, com estabilidade, a demanda de uma economia altamente digitalizada", pontua.

Do ponto de vista econômico, o efeito do Pix extrapola o universo dos pagamentos. Ao reduzir custos de transação e eliminar atrasos de liquidação, ele aumenta a eficiência do sistema financeiro, acelera o giro de recursos e diminui barreiras que por muito tempo limitaram o acesso de pequenos negócios e consumidores de baixa renda. Cada operação instantânea substitui mecanismos mais lentos e caros, como TEDs, DOCs e boletos, gerando ganhos de produtividade que, somados, têm impacto relevante na economia como um todo.

O avanço também representa um salto na inclusão financeira. Hoje, mais de 93% dos adultos utilizam o sistema. Para milhões de brasileiros, especialmente em regiões menos atendidas.