Por: Martha Imenes - BSB

Bancos alertam população para golpes na Black Friday

Black Friday pode chegar a 89,3 mil tentativas de golpe | Foto: Divulgação/Estácio

Por Martha Imenes

A Black Friday 2025 acontecerá no dia 28 de novembro, que é a última sexta-feira do mês. Embora a data oficial seja esta, muitas lojas e empresas já começam a oferecer promoções antes do dia. Mas, diferentemente de datas comemorativas como o Dia das Mães, o Dia das Crianças ou o Natal — quando os criminosos exploram a emoção e a vulnerabilidade das pessoas —, a Black Friday é marcada principalmente por promoções, tanto em lojas físicas quanto virtuais. Nesse período, a grande expectativa dos consumidores por descontos atrativos torna o ambiente propício para fraudes como o golpe da promoção com contagem regressiva, o golpe da indicação de novos clientes, o uso de celebridades falsas criadas com inteligência artificial e até o tradicional golpe da falsa central de atendimento. Com anúncios e comunicações cada vez mais sofisticados, os fraudadores se aproveitam da pressa e da confiança das vítimas para obter dados pessoais e financeiros ou lucrar com compras que nunca são entregues.

Uma pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada em agosto deste ano, mostrou que, nos 12 meses anteriores ao levantamento, um em cada três brasileiros foi vítima de golpe financeiro — cerca de 56 milhões de pessoas — resultando em um prejuízo estimado de R$ 111,9 milhões.

"As fraudes financeiras evoluíram de ações isoladas para operações altamente estruturadas, que combinam engenharia social, inteligência artificial e técnicas avançadas de persuasão digital. Hoje, o crime cibernético atua com a mesma sofisticação das empresas legítimas — com planejamento, segmentação e uso intensivo de dados. Por isso, a melhor forma de enfrentamento é o fortalecimento da cultura de segurança, com educação digital contínua e cooperação entre instituições e cidadãos", destaca Leandro Vilain, CEO da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).

Atenção redobrada

Ele reforça ainda a importância da atenção redobrada durante o período de promoções: "Fique atento a sites, mensagens e ofertas que pareçam boas demais para ser verdade. Golpistas costumam usar promoções falsas e links maliciosos para roubar dados pessoais ou instalar vírus nos dispositivos. Antes de clicar, verifique o endereço do site, desconfie de remetentes desconhecidos e nunca compartilhe senhas ou informações bancárias. Mantenha o antivírus atualizado, ative a verificação em duas etapas e confirme sempre a veracidade de qualquer oferta ou pedido antes de agir."

A entidade é a criadora da campanha Tem Cara de Golpe, que já existe há três anos e busca conscientizar a população contra diferentes tipos de golpes.

Para a Black Friday, a ABBC lista os golpes mais comuns em que a população deve ficar de olho.

Especialistas indicam acompanhar a evolução de preços para não pagar tudo "pela metade do dobro". Plataformas como Zoom, Buscapé e Google Shopping permitem comparar valores e consultar o histórico de preços dos produtos — uma forma eficaz de escapar das "promoções" infladas que costumam aparecer nas semanas anteriores ao evento.

Nesses sites, também é possível criar listas de desejos e configurar alertas automáticos, que notificam o consumidor quando o preço atinge o limite desejados.

Extensões de navegador como Keepa (para Amazon) e Honey também ajudam no monitoramento, identificando variações de preço e testando automaticamente cupons de desconto durante o processo de compra.

 

Golpe da promoção com temporizador com contagem regressiva

Os consumidores devem ficar atentos a golpes que aparecem de diferentes formas: por e-mail, anúncios em redes sociais ou até mesmo notificações ("push") de aplicativos. Uma tática comum é exibir um temporizador ao lado de uma oferta aparentemente irresistível. Por exemplo, ao buscar um smartwatch que custa cerca de R$ 400, o usuário pode se deparar com uma promoção de 50% de desconto válida por apenas um minuto. Essa estratégia pressiona o consumidor a agir por impulso, explorando seu interesse prévio pelo produto.

Nesses casos, a ABBC recomenda desconfiar de ofertas que utilizem esse tipo de pressão e sempre buscar promoções em e-commerces confiáveis, digitando diretamente o endereço do site no navegador ou pelo aplicativo oficial baixado nas lojas da Apple Store ou Google Store.

Indicação de novos clientes

Nesse tipo de golpe, o mecanismo é parecido com o descrito anteriormente: uma oferta muito atraente, com desconto alto ou condições "boas demais para ser verdade", mas que exige uma ação adicional do usuário. Aqui, a pressão vem da obrigação de indicar novos clientes.

Por exemplo, o consumidor encontra um conjunto de joias por R$ 200, mas a promoção só se tornaria válida se ele compartilhasse o link com cinco pessoas. Trata-se de um golpe de phishing mensagem falsa) em cadeia, que pode estar acompanhado de malware (vírus) capaz de roubar dados pessoais. Em muitos casos, os criminosos usam spoofing (falsificação de página ou rementente), criando páginas que imitam sites de grandes varejistas para enganar o consumidor e capturar informações sensíveis, causando prejuízos financeiros.

A recomendação da ABBC é sempre digitar o endereço oficial da loja diretamente no navegador e desconfiar de promoções recebidas por e-mail, redes sociais ou aplicativos de mensagens. Antes de concluir qualquer compra, verifique a URL na barra de endereços e certifique-se de que o site é legítimo - na dúvida, sempre acione os canais oficiais das lojas ou dos marketplaces.

Uso de imagem de celebridades como isca para aplicar golpes

A bela Gisele Bündchen teve sua imagem recriada por IA por golpistas | Foto: Reprodução

Esse tipo de golpe pode resultar em diferentes fraudes, como phishing, golpes no WhatsApp e outras variações. O ponto principal é que raramente celebridades reais anunciam promoções com grandes descontos em vídeos de redes sociais, especialmente quando não há menção nos canais oficiais da marca ou da própria personalidade.

Exemplo: o usuário navega no Instagram e se depara com um vídeo de um famoso anunciando uma promoção de um jogo virtual. Nesses casos, é possível que o vídeo tenha sido criado com inteligência artificial para simular a voz e a aparência da celebridade, conferindo falsa credibilidade à propaganda fraudulenta.

Ou a promessa de brindes como um "kit antirrugas grátis" ou malas de viagem. Para receber o suposto produto, a vítima precisava pagar apenas o frete: cerca de R$ 44.

Ao clicar no anúncio, o consumidor era direcionado para um site fraudulento, que imitava páginas legítimas. O pagamento era feito via Pix, mas o produto nunca chegava.

Em São Paulo, milhões de reais foram movimentados, usando vídeos falsos com a imagem e voz de personalidades como Gisele Bündchen, Angélica, Juliette, Maísa e Sabrina Sato para promover produtos inexistentes.

Quatro golpistas foram presos e três estão foragidos.

Atenção redobrada

A ABBC recomenda que os consumidores fiquem atentos a esse tipo de conteúdo. É importante verificar se existem publicações oficiais nas redes sociais da marca ou do artista e denunciar o anúncio à plataforma sempre que houver suspeita de falsificação.

Outra orientação é observar atentamente a sincronização entre a voz e a imagem do influenciador — qualquer descompasso pode indicar que o vídeo foi manipulado.

Golpe da falsa central de atendimento

Nunca sai de moda, e com a incidência do período de compras tende a aumentar. Nele, criminosos entram em contato com consumidores se passando por funcionários de instituições financeiras ou operadoras de cartão de crédito. Eles alegam que houve uma tentativa de compra suspeita ou pedem a confirmação de dados bancários. A partir dessas informações, os golpistas podem acessar contas, realizar transferências ou fazer compras com os dados dos cartões. Bancos jamais solicitam senhas, dados do cartão de crédito ou códigos de segurança por telefone, WhatsApp ou SMS. Qualquer contato suspeito deve ser ignorado, e o consumidor deve procurar o canal oficial da instituição.

Dicas extras

Golpe da "Conta Laranja": crianças e adolescentes podem ser usados, por meio de jogos on-line ou redes sociais, para que utilizem ou emprestem contas bancárias de seus pais para receber valores de origem ilícita e repassá-los aos criminosos.

Essa prática configura o crime de "laranja" e pode ter sérias consequências para os responsáveis. Evite utilizar dados bancários nestas plataformas, use cartões virtuais de uso específico e monitore suas compras on-line.