Por: Martha Imenes

Haddad: governo federal vai colocar ordem nas contas

Ministro Haddad avalia que a reforma sobre a renda será positiva para o país | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo continua empenhado em sua intenção de buscar um equilíbrio das contas públicas, e rebateu as críticas de que não haverá cumprimento das metas fiscais. De acordo com o ministro, as críticas de que o governo não cumprirá suas metas seriam "um delírio".

"Vamos entregar o melhor resultado fiscal do país em 4 anos, mesmo pagando tudo o que não se pagou de calote do governo anterior. E a impressão que se dá é que estamos vivendo uma crise fiscal. Isso é um delírio que eu preciso entender do ponto de vista psicológico, porque do ponto de vista econômico eu não consigo entender. Estão falando que vou mudar a meta de superávit primário desde 2023. Mas eu não mudei nenhuma vez. Estão falando que vou mudar a meta desde 2023, mas eu cumpro meus objetivos", afirmou.

Governo não vai recuar

O ministro reafirmou que apesar de haver "um jogo contra o Brasil" e "muita torcida contra", o governo não vai recuar em suas metas.

"É isso que as pessoas precisam entender, nós não vamos recuar dos objetivos de colocar as contas em ordem, que estão desorganizadas desde 2015", garantiu o ministro ao participar de um evento em São Paulo.

"Eu estou preocupado mesmo é com o tanto de dinheiro que está entrando no país", acrescentou.

Durante sua participação no evento, Haddad declarou que o Brasil está criando um ambiente de negócios favorável, como a reforma tributária, que está atraindo investimentos estrangeiros.

"Nós nunca tivemos tantos leilões na B3 (bolsa de valores) de rodovias e de infraestrutura, de uma maneira geral, como nós tivemos nesses 3 anos. O Ministério dos Transportes, como exemplo, vai duplicar a média dos 4 anos anteriores em termos de oferta de negócio no Brasil", lembrou.

Renda

Outro fator que deve contribuir para esse ambiente de negócios favorável, de acordo com Haddad, é a reforma sobre a renda, segundo informações da Agência Brasil.

"Estamos para votar uma nova etapa da reforma da renda no Brasil. A desigualdade no Brasil é um impedimento para o crescimento. Não existe crescimento com esse nível de desigualdade. Mas nós estamos corrigindo isso", disse.

 

Defesa da redução na taxa básica de juros

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a redução da taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 15%. Para Haddad, o patamar atual é insustentável e a expectativa é que ela caia em breve.

"Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar a taxa de juros, elas vão ter que cair. Não tem como sustentar 10% de juros real com inflação de 4,5%", avalia Haddad.

O ministro disse que apesar dos juros estarem em patamar elevado, o governo está tranquilo e a expectativa é de que o país tenha um bom desempenho no próximo ano.

"Eu acho que nós estamos numa posição em que podemos entrar bem no ano de 2026, tranquilo. Nós podemos terminar o mandato com indicadores muito superiores em todo o mundo. Nós podemos controlar a dívida pagando menos juros. Não precisa pagar esse juro todo. Esse juro todo tem impacto, inclusive sobre a inflação".

LRF

Quanto a expectativa a respeito do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode estender definitivamente a Lei de Responsabilidade Fiscal, ele disse que "será uma revolução se o Congresso não puder criar despesas sem apontar a fonte de receita".

 

Captação de US$ 10 bi em investimentos

O ministro disse ainda que o Brasil estabeleceu como meta a captação de US$ 10 bilhões em investimentos públicos dos países para o Fundo Tropical das Florestas (TFFF, na sigla em inglês). O mecanismo é voltado à proteção de florestas e que prevê que os países que preservam suas florestas tropicais serão recompensados financeiramente via fundo de investimento global.

Segundo Haddad, essa meta deve ser alcançada até o final do próximo ano, ainda durante a presidência do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. De acordo com o ministro, esse valor seria referente a recursos destinados por governos, com o valor podendo crescer com a adesão de outros tipos de entidades, como fundações, fundos e empresas.

Grande feito

"Se a gente terminar o primeiro ano com US$ 10 bilhões de recursos públicos, seria um grande feito", disse o ministro, segundo a Agência Brasil.

"E para chegar a US$ 10 bilhões, bastaria que alguns países do G20 aderissem para a gente começar a remunerar os países que mantém florestas tropicais, sobretudo os que estão endividados, porque eles não têm recursos para manter as suas florestas. E o TFF viria em suporte dessa iniciativa", acrescentou.