Por: Martha Imenes

Bancos fazem mutirão para negociar dívidas atrasadas

Servidores públicos recebem o abono salarial no Banco do Brasil | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Consumidores que têm dívidas no cartão de crédito, cheque especial, consignado e outras modalidades de crédito contraídas de bancos e instituições financeiras e que queiram negociar esses débitos têm até o próximo dia 30 para participar do Mutirão de Negociação e Orientação Financeira.

Mais de 160 instituições participam da ação, além de parceiros como o Banco Central, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e Procons. Financiamentos de veículos, motocicletas e imóveis não entram no mutirão.

As negociações poderão ser feitas diretamente com as instituições participantes em seus canais oficiais ou pelo portal ConsumidorGovBr, um serviço público e gratuito que conecta consumidores e empresas para que encontrem alternativas para conflitos de consumo.

Para solicitar a negociação pela plataforma é necessário que o consumidor tenha conta Prata ou Ouro no aplicativo Gov.br. Podem ser negociadas dívidas desde que estejam em atraso e não tenham bens dados em garantia, ou prescritas.

Segundo a Febraban, o mutirão é uma oportunidade para negociar os débitos em condições especiais, como parcelamento, descontos no valor total da dívida ou taxas de juros reduzidas para refinanciamento.

Também será possível solicitar apoio presencial aos Procons que aderiram ao mutirão para negociar diretamente nos canais digitais dos bancos.

"Para as pessoas superendividadas o fluxo de negociação é diferente, pois exige um maior entendimento das dívidas e apoio do Procon para criação de um plano de pagamento", explica a entidade.

Adesão

Todas as informações sobre o mutirão, assim como a relação completa das instituições participantes e os canais oferecidos pelos bancos para a negociação das dívidas, estão disponíveis na plataforma Meu Bolso em Dia Febraban. Para aderir ao mutirão é possível acionar diretamente o canal digital do seu banco.

Outra maneira de aderir é fazer o cadastro no site www.consumidor.gov.br, fazer o login, selecionar a instituição com a qual deseja negociar e seguir as orientações. A empresa tem até dez dias para analisar e responder sua solicitação.

Para verificar se tem dívidas em atraso, o consumidor pode acessar um relatório atualizado mantido pelo Banco Central, chamado Registrato.

Se a dívida não for com uma instituição financeira, é possível procurar o Serasa, que também promove o Feirão Serasa Limpa Nome, por meio do qual o consumidor tem a oportunidade de quitar dívidas não bancárias em atraso, e com descontos, contraídas de empresas de varejo, telecomunicações, concessionárias de energia, saneamento, universidade e financeiras.

Outra possibilidade é negociar as dívidas atrasadas nas agências dos correios participantes do feirão.

 

O que avaliar antes de negociar

Antes de negociar uma dívida com o banco, é essencial entender sua situação financeira, conhecer seus direitos e preparar uma estratégia realista para o acordo.

Aqui estão os principais pontos que você deve observar:

1. Diagnóstico da sua situação financeira

• Liste todas as dívidas: valores, prazos, juros e credores.

• Calcule sua renda líquida e despesas fixas para saber quanto pode comprometer mensalmente.

• Avalie se há possibilidade de pagamento à vista, que costuma gerar maiores descontos.

2. Entendimento das condições da dívida

• Verifique se há juros abusivos ou encargos indevidos.

• Confira se a dívida está ativa ou já foi negativada.

• Entenda o tipo de contrato firmado (empréstimo pessoal, cheque especial, cartão de crédito etc.).

3. Escolha do momento certo para negociar

• Negociar antes da inadimplência pode garantir melhores condições.

• Se já estiver inadimplente, aguarde campanhas como Feirão Limpa Nome ou mutirões de renegociação, que oferecem descontos e parcelamentos facilitados.

4. Estratégia de negociação

• Tenha uma proposta clara: quanto pode pagar por mês, se há entrada, número de parcelas.

• Priorize parcelas que cabem no seu orçamento, mesmo que o prazo seja maior.

• Evite aceitar acordos que você não poderá cumprir, pois isso pode agravar sua situação.

5. Ferramentas e canais disponíveis

• Use plataformas como Serasa Limpa Nome ou os canais digitais dos bancos para simular acordos.

• Compare propostas entre diferentes canais (agência, telefone, app, plataformas externas).

6. Documentação e registro

• Guarde todos os comprovantes da negociação e do pagamento.

• Leia atentamente o contrato antes de assinar qualquer acordo.

7. Seus direitos como consumidor

• O banco deve oferecer transparência nas condições.

• Você pode recorrer ao Procon ou à Defensoria Pública em caso de abusos ou dificuldades na negociação.