A Operação Sem Desconto continua tendo desdobramentos. Nesta quartta-feira (15), o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio de valores ligados ao Sindicato Nacional de Aposentados e Pensionistas (Sindnapi) que somam R$ 389 milhões. A cifra equivale a tudo que o sindicato recebeu em descontos feitos nas aposentadorias e pensões do INSS entre os anos 2021 e janeiro de 2025.
Além do Sindnapi, a medida atinge o patrimônio pessoal do presidente da entidade, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo. Também foram atingidos o espólio de João Batista Inocentini, o João Feio, que morreu em 2023; o diretor secretário-geral, Luiz Antonio Adriano da Silva; o diretor nacional tesoureiro, Anísio Ferreira de Sousa; e o diretor nacional de assuntos previdenciários, Carlos Cavalcante de Lacerda.
Nova fase da operação
A decisão integra a mais recente fase da Operação Sem Desconto, que apura fraudes no INSS e foi deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF). Na ocasião, foram apreendidos bens como joias, relógios, dinheiro em espécie e carros de luxo, incluindo uma Ferrari, Porsches e até um carro de Fórmula 1. Importante destacar que esses bens foram encontrados em empresas, e não em associações, entidades ou cooperativas. Ao todo foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão em sete estados. A Polícia Federal não informou, no entanto, se foi feita alguma prisão.
Além dos bloqueios, Mendonça autorizou as quebras de sigilo bancário e fiscal do sindicato e de alguns de seus dirigentes. O ministro justificou as medidas, entre outros motivos, devido à gravidade dos crimes investigados e do "risco de interferência na produção probatória e as manobras de dilapidação patrimonial e lavagem de capitais".
O objetivo, segundo a decisão, é o "estrangulamento financeiro da estrutura criminosa", além da "necessidade de assegurar a recuperação e o futuro ressarcimento dos valores objeto dos crimes", escreveu Mendonça.
Fundadas suspeitas
"De fato, extrai-se dos autos a existência de fundadas suspeitas de relevante participação dos representados nos ilícitos apurados na referida operação e em grupo criminoso organizado para lesar aposentados e pensionistas mediante os descontos indevidos de benefícios previdenciários junto ao INSS, com posterior emprego de medidas para ocultação e lavagem dos vultosos recursos ilícitos obtidos, notadamente no entorno de entidades como o Sindnapi", disse o ministro.