Por: Martha Imenes

Dia das Crianças: qual é o peso do preço na compra?

Dia das Crianças é considerado o terceiro melhor evento para comerciantes | Foto: Rovena Rosa - Agência Brasil

Às vésperas do Dia das Crianças, no próximo domingo, os pedidos dos pequenos vêm embalados em cartinhas, balas, bombons, mensagens, abraços com "vai me dar presente?" ao pé do ouvido... Mas com a grana curta, será que dá para fazer o mimo sem estourar o orçamento? Economistas avaliam que sim.

Apesar de o preço ser o fator que mais influencia a decisão de compra dos brasileiros, seja no varejo físico ou online, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o comércio movimentará quase R$ 10 bilhões. Se confirmada, essa será a maior arrecadação registrada nos últimos dez anos.

"Historicamente, o Dia das Crianças é considerado o terceiro evento mais relevante do calendário do varejo nacional", afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

"A inflação em patamares ainda elevados e a maior taxa de juros em 20 anos podem ser apontados como alguns dos responsáveis pelo crescimento reduzido na estimativa de vendas em comparação ao ano anterior", pontua. 

O levantamento aponta que o faturamento pode crescer pouco mais de 1% em relação a 2024, quando foram movimentados R$ 9,85 bilhões. O avanço, no entanto, deve ser modesto devido ao impacto da inflação e da elevada taxa de juros, a maior em duas décadas. A maior parte das vendas, segundo a CNC, ficará por conta de itens de vestuário e calçados, que representam 27% do montante.

Apenas o Natal, com R$ 72,8 bilhões em 2024, e o Dia das Mães, que movimentou R$ 14,5 bilhões em 2025, superam essa comemoração que coincide com o feriado de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro. "É um termômetro para o último trimestre do ano, que ainda vai aquecer nas festividades de dezembro", detalha o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.

 

Inflação de itens foi superior ao IPCA

A inflação dos produtos mais vendidos no Dia das Crianças foi superior ao IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, com alta de 8,5%, em média, na comparação à data de 2024, aponta o levantamento da CNC.

Entre os 11 itens pesquisados, quatro tiveram alta expressiva: chocolates, com quase 25%; doces, com cerca de 14%; lanches, com quase 11%; e cinema, teatro e concertos, com pouco mais de 10%.

Cesta de compras

Tendo como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), a expectativa da CNC é que o preço médio da cesta composta por 11 grupos de bens e serviços relacionados ao Dia das Crianças apresente variação de 8,5% em relação à data em 2024.

O avanço médio de preços deverá ser puxado por alimentos, como chocolates (24,7%), doces (13,9%) e lanches diversos (10,9%). Itens considerados carros-chefes de vendas nessa data, como brinquedos e artigos de vestuário, tendem a registrar variações menores do que a do nível geral de preços (4,6%).

 

A dica é: pesquisar antes de comprar

Um total de 66% dos consumidores consideram o valor na hora da aquisição de um produto ou serviço. No entanto, outros fatores também são levados em conta. O custo de um item disputa a atenção do comprador com promoções, descontos e a qualidade do produto, conforme o levantamento. A experiência do profissional de tecnologia da informação e consumidor de videogames, Lucas Silva Gonçalves, 30 anos, exemplifica as informações.

Ao ser questionado sobre o peso do preço em sua decisão de compra, de zero a dez, sua resposta é direta: "Com certeza, dez. Hoje em dia, não tem como não olhar para isso", afirma. "O preço padrão de um jogo no lançamento pode variar entre R$ 400 e R$ 500", justifica.

Mas não são apenas os consumidores que se preocupam com o preço. Empresas que buscam competitividade precisam saber como realizar a precificação para equilibrar lucro e atratividade, como informa o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Para isso, a orientação é utilizar ferramentas, que vão desde uma planilha de precificação grátis para cálculos iniciais até sistemas integrados para gerenciar a complexidade dos custos.

O sócio e diretor comercial da Nomus, Thiago Leão, explica que o preço transcende o custo de produção. "É um dos fatores mais determinantes na decisão de compra porque ele representa, para o cliente, a relação entre valor percebido e investimento. Não se trata de ser o mais barato, mas de oferecer uma proposta justa e competitiva."