Por: Martha Imenes

Pix Parcelado nem saiu e já agrada consumidores

Pesquisa mostra que uso oscila entre emergências pessoais e compras ou pagamentos | Foto: Agência Brasil

O Pix Parcelado, que ainda está em fase de testes e deve entrar em operação neste mês, já atrai um público expressivo: 53% do público entrevistado afirmou ter utilizado a modalidade, que fica logo atrás do cartão de crédito (77%), aponta a pesquisa "Jornada de Crédito: como consumidores e executivos avaliam oportunidades e riscos", da Matera.

Embora ainda não haja um número oficial consolidado, versões próprias do Pix Parcelado podem ser encontradas em grandes bancos e fintechs.

A pesquisa também mostra que os principais motivos para uso do Pix Parcelado oscilam entre emergências pessoais (28%), compras ou pagamentos à vista (27%), além de contas do dia a dia (17%).

Para o diretor de Produtos da Matera, Bruno Samora, a modalidade representa uma nova e mais democrática alternativa para acesso ao crédito no país: "O Pix, em todas as suas frentes, tem ampliado o acesso financeiro, e a possibilidade do parcelado segue a mesma lógica: é simples, rápido e acessível, mas precisa de uma abordagem segura e otimizada".

Custos

Embora a pesquisa revele que muitos consumidores ainda contratam crédito sem a clareza dos custos (apenas 38% dos usuários do Pix Parcelado disseram que sabem informar a taxa cobrada na transação), a facilidade de contratação é apontada como vantagem. Isso porque a modalidade abre caminho para públicos historicamente à margem do sistema financeiro formal.

Segundo estimativas do Banco Central, cerca de 60 milhões de brasileiros não têm cartão de crédito. O dado reforça a importância de ampliar a transparência e a educação financeira, ao mesmo tempo em que evidencia o potencial de democratização de acesso por meio de alternativas simples e acessíveis para quem, antes, estava excluído do sistema financeiro.

 

Avanço da ferramenta mostra mudança de comportamento

Na esteira da liderança do Pix como meio de pagamento mais popular do Brasil, o avanço dessa solução já indica mudanças no comportamento dos consumidores e abre novas oportunidades para as instituições financeiras. Com a implementação das novas diretrizes do Banco Central (BC) para o Pix Parcelado, espera-se garantir mais segurança e previsibilidade à modalidade, que tem potencial para ampliar o acesso ao crédito e redefinir a forma como consumidores e instituições se relacionam com esse tipo de produto.

Na visão do diretor de Produtos da Matera, Bruno Samora, bancos e fintechs têm a oportunidade de ampliar sua base de clientes e rentabilizar com produtos mais personalizados, voltados a um público historicamente negligenciado pelo sistema financeiro.

"Assim como o Pix original trouxe milhões de pessoas que estavam fora do circuito bancário para dentro do sistema digital, a nova modalidade pode alcançar uma parcela expressiva da população que ainda não tem acesso a cartão ou crédito. Esse novo marco tende a consolidar a modalidade como uma solução sustentável, capaz de beneficiar todo o ecossistema", conclui.

Pesquisa

Os dados foram coletados entre 23 e 31 de outubro de 2024, período em que ainda não havia regulamentação oficial do Banco Central para a modalidade, cujo lançamento está previsto para este mês.

Fraudes online cresceram 116%, aponta pesquisa

A recente invasão ao sistema da Sinqia operadora de transações Pix expôs a fragilidade da segurança digital no setor financeiro e acendeu um alerta em outros segmentos igualmente vulneráveis.

No Brasil, as tentativas de fraude em e-commerces cresceram 116% no primeiro semestre deste ano, de acordo com levantamento da plataforma Yampi.

De acordo com Rodrigo Garcia, diretor-executivo da Petina Soluções Digitais, a Inteligência Artificial (IA) não é apenas um filtro para as fraudes. "Ela é o 'guarda-costas digital' que o e-commerce não sabia que precisava", diz o executivo.

"Se um lojista ainda acha que IA serve somente para recomendar produtos, está defasado e colocando a segurança em risco".

Maior adesão de empresas é desafio para o crescimento do open finance

Tentativa de golpe ocorre por aplicativo de mensagem, e-mail e ligações | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Pagar um café por Pix sem a necessidade de abrir o aplicativo do banco, aproximando o celular da maquininha. A operação hoje pode parecer corriqueira, mas o Pix por aproximação, lançado em fevereiro, exigiu não apenas o desenvolvimento de tecnologias. A associação da conta do Pix à carteira virtual do celular envolveu troca confiável de informações entre comércio, bancos e a administradora da máquina.

O compartilhamento de dados entre instituições financeiras é o conceito central por trás do open finance, que completou cinco anos. Em todos os casos, cabe ao usuário autorizar a utilização das informações pessoais por terceiros, podendo cancelá-la quando quiser. Tudo regulado pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

O open finance está mais presentes na vida do correntista do que aparenta. O sistema foi essencial para o desenvolvimento do Pix automático, lançado em junho, modalidade que substituirá o boleto bancário. Para autorizar a cobrança periódica por empresas, basta o correntista entrar no aplicativo do banco uma única vez e consentir o acesso a seus dados financeiros.

O mesmo ocorre com a consulta dos saldos de contas em diversas instituições numa mesma tela. Ou com a oferta de operações de crédito com juros mais baixos a bons pagadores, com o open finance aumentando a taxa de aprovação dos tomadores de crédito em até 30%. Desde abril de 2023, as instituições podem compartilhar dados sobre investimentos, câmbio, seguros, previdência privada, capitalização e credenciamento.

Segundo a Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento (Init), a expansão do open finance enfrenta dois principais gargalos. O primeiro é o aumento no sucesso da taxa de conversão dos pagamentos. Atualmente, segundo a entidade, de 50% a 60% das operações feitas pelo open finance não apresentam erros.

"O desafio é elevar essa taxa para 99,5%, como ocorre com os cartões de crédito e débito", disse Gustavo Lino, diretor executivo da Init à Agência Brasil.

Pessoa jurídica

Outro gargalo está na adesão das empresas ao compartilhamento de dados. Segundo a Associação Open Finance Brasil (AOF), entidade privada que reúne os tipos de empresas do setor e participa das discussões com o BC, houve, em 2024, 40,8 milhões de consentimentos de pessoas físicas como receptores e 37,6 milhões como transmissores de dados. Cada indivíduo pode fazer mais de um consentimento. Entre as pessoas jurídicas, o número é bem menor: 403,2 mil consentimentos de empresas como receptoras de dados e 406,7 mil como transmissoras.