Por: Martha Imenes

Em meio à crise das fintechs, chefe do BC desembarca em Montevidéu

Presidente do BC, Gabriel Galípolo, chega ao Uruguai | Foto: Correio da Manhã

No mesmo dia em que foi desencadeada a megaoperação contra a lavagem de dinheiro do crime organizado – levando o governo federal a alterar regras para as fintechs – o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, chegou à noite em Montevidéu, capital do Uruguai. A foto foi feita por um leitor no desembarque do aeroporto uruguaio.

O que chamou a atenção foi o fato da maior autoridade monetária do Brasil ter agenda em São Paulo no mesmo dia da operação na Faria Lima – principal centro financeiro do país – mas, mesmo assim, ter ido para o exterior em vez de ficar no Brasil e acompanhar a ação. Galípolo estava em São Paulo para uma reunião com representantes do Banco Central da Nigéria.

Uma fonte, entretanto, garantiu que o presidente do BC acompanhou pelo celular os desdobramentos da operação.

O presidente do BC viajou para Montevidéu para participar da 40ª edición de las Jornadas Anuales de Economía, promovido pelo BC do Uruguai.

e-Agenda

De acordo com a norma vigente, é obrigatória a publicação da agenda de autoridades e servidores públicos (nomeados ou concursados) no e-Agendas, que é divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU).

O Correio da Manhã constatou que em 31 de julho – coincidentemente ou não – o presidente do BC se reuniu com Ricardo Andrade Saadi, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), e Andrei Augusto Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal (PF). Menos de um mês depois, foi realizada a megaoperação (28).

Encontro

Ainda conforme registro no e-Agendas, o presidente do Banco Central se reuniu no dia 12 de agosto com o representante de uma das empresas que foi alvo da operação de quinta-feira: a Reag Investimentos, presidida por João Carlos Falpo Mansur, citado pela PF no âmbito da investigação como suposto responsável por administrar fundos de investimento usados por uma refinaria.

O que diz o BC

Questionado sobre a reunião com a empresa, o BC informou que: "O Banco Central do Brasil realiza reuniões com diferentes segmentos da sociedade, conforme suas atribuições legais e operacionais no âmbito da regulação e supervisão do sistema financeiro. Tais encontros frequentemente abordam temas técnicos, como supervisão, ou questões protegidas por sigilo empresarial, razão pela qual os conteúdos específicos não são detalhados nas agendas públicas".