Na esteira da megaoperação contra lavagem de dinheiro do crime por meio da economia real, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad determinou que a Receita Federal cobre maior fiscalização das fintechs, neste caso, sobre empresas digitais que fazem movimentação financeira, que agora são equiparadas a instituições financeiras e bancos. No entanto, um outro problema chamou a atenção de especialistas: a falta de assertividade entre os comunicados enviados aos órgãos de controle e a efetiva atuação.
Segundo dados oficiais, o país registrou 7,5 milhões de comunicações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em 2024. No entanto, menos de 0,25% das comunicações resultaram em Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) no último ano. Esses relatórios subsidiam investigações e processos administrativos.
De acordo com Alexander Fürst, diretor-executivo da LPA Soluções Tecnológicas, os números refletem a crescente exigência regulatória e a digitalização financeira, mas também expõem um gargalo: a dificuldade das equipes de compliance em diferenciar o ruído do risco real.
"O desafio não é apenas captar sinais, mas priorizar o que importa e decidir no tempo certo. Alertas são a matéria-prima; a decisão é o que protege a empresa", afirma Fürst, da LPA.
Legislação tributária
Já o advogado tributarista Luís Garcia, sócio do Tax Group e do MLD Advogados Associados, chama atenção para o papel da legislação tributária.
"A legislação tributária, quando aplicada de forma estratégica, é capaz de atingir o coração de organizações que atuam em múltiplas frentes da economia", pontua Garcia.
Para garantir a recuperação do crédito tributário, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional bloqueou mais de R$ 1 bilhão dos investigados.