A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano reflete negativamente no bolso do brasileiro. As Estatísticas Monetárias de Crédito divulgadas pelo Banco Central (BC) apontam que a média de juros do rotativo do cartão de crédito chegou a 446,6% ao ano, a modalidade mais alta do mercado. Já as taxas livres nas novas contratações de crédito para as famílias atingiu 57,7% ao ano.
O economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga, alerta para os riscos de pagar o mínimo do cartão de crédito. "Chega um momento que é praticamente impossível pagar o cartão", diz Braga, que dá dicas para quem está endividado sair do vermelho (confira abaixo).
O levantamento aponta, no entanto, que na média de todas as contratações - crédito livre e direcionado, para famílias e empresas - o juro chegou a 31,4% ao ano, no mês passado.
No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado - com regras definidas pelo governo - é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
Nas contratações para as empresas, a taxa média do crédito livre ficou em 25% ao ano.
No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoa física ficou em 11,2% ao ano em julho. Para empresas, a taxa média de juros foi para 13,6% ao ano.
Em julho, as concessões de crédito chegaram a R$ 644,1 bilhões. Nas séries sazonalmente ajustadas, elas recuaram 0,3% no mês, com redução de 2% nas operações com pessoas jurídicas e expansão de 2,5% com as famílias. Em 12 meses, as concessões nominais cresceram 12,3%, com altas de 9% nas operações com empresas e de 15,9% com pessoa física.
Com isso, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou em R$ 6,715 trilhões, um crescimento de 0,4% em relação a julho.
Esse resultado decorreu, segundo o levantamento do BC, do incremento de 0,6% no crédito destinado às famílias, total de R$ 4,173 trilhões, atenuado, em parte, pela contração de 0,1% no crédito às empresas, que somou R$ 2,542 trilhões.