Por Martha Imenes
O homem mais velho do Brasil que se tem registro é João Marinho Neto, com 112 anos de idade, nascido em Maranguape, no Ceará, em outubro de 1912. Mas, segundo registros de crédito consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelo menos 86 pessoas têm mais de 120 anos no país, e outras 2,5 milhões estão entre 80 e 120 anos.
Em meio ao início dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) nesta terça-feira no Congresso - que vai investigar descontos de mensalidades associativas em aposentadorias e pensões -, esse é mais um imbróglio com o nome da autarquia.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), hoje, no Brasil, não há registro sobre pessoas vivas com 120 anos ou mais, e afirma: "Não parece minimamente imaginável que uma pessoa de 120 anos tenha tomado um empréstimo bancário, a não ser que o registro dessa informação decorra de erro material nos dados cadastrais do cliente ou seja fruto de golpe ou fraude".
Em nota, a Febraban informou que "não apenas desconhece casos de consignado para aposentados com ou mais de 120 anos, como, em especial, repudia a oferta de qualquer produto bancário que não leve em consideração a adoção de políticas preventivas voltadas para a proteção de clientes mais vulneráveis, como idosos de idade avançada, medidas que são adotadas pelos bancos associados, inclusive seguindo a regras de autorregulação".
De acordo com a Febraban, "a concessão de crédito de cada instituição financeira a seus clientes deve observar as regras estipuladas pelo Banco Central do Brasil, que são constantemente revisadas sob a ótica de risco do crédito e medidas protetivas ao consumidor".
Para as instituições que concedem essa modalidade de crédito, a idade é um fator adicional de risco na análise da operação porque em caso de morte do tomador do empréstimo consignado do INSS, a dívida é automaticamente quitada.
Para se ter uma ideia, a expectativa de vida média projetada pelo IBGE vai chegar a cerca de 76,5 a 76,8 anos em 2025. Bem distante dos 120 anos que apareceram no cadastro do INSS, obtido via Lei de Acesso à Informação (LAI) pela Folha.