Por: Martha Imenes

Cresce a oferta de pacotes únicos para viajantes solo

Air Canadá retomou o voo direto Rio de Janeiro (GIG) para Toronto (YYZ) | Foto: Arquivo pessoal

Solitude ou solidão? Apesar de os nomes serem parecidos, têm significados diferentes. A solidão é um sentimento de tristeza e vazio, já a solitude é um estado de estar sozinho que pode ser escolhido e apreciado. Mas, na dúvida de como está se sentindo, vai a dica: viajar é o melhor remédio! Não à toa, o número de mulheres que viajam sozinhas tem crescido e movimentado o turismo.

Para dar uma mãozinha ao público feminino, uma parceria firmada em março, no mês da mulher, entre o Ministério do Turismo e a Associação Brasileira da Indústria de Hoteis Nacional (Abih Nacional) dá desconto de 15% para as viajantes solo. A parceria vai até março de 2026.

Ao Correio da Manhã, o ministro do Turismo, Ceslo Sabido afirmou que "essas medidas vão ajudar o setor e dar mais oportunidade às mulheres que atuam na indústria do turismo, assim como, aquelas que desejam conhecer o Brasil em viagens solos, tendo mais esse estímulo com tarifas especiais na rede hoteleira nacional".

Setor aéreo

Os dados do setor aéreo já mostram tendência de alta, tanto em viagens externas, quanto internas. Em julho, 11,6 milhões de pessoas viajaram. Desse total, 9 milhões de passageiros passearam pelo Brasil e 2,6 milhões para fora do país.

Por conta da pecularidade do público feminino, empresas têm se especializado em proporcionar viagens únicas. Na capital paulista, por exemplo, a agência Clube Turismo oferece consultoria personalizada, reuniões online ou presenciais, roteiro detalhado via aplicativo exclusivo, apoio de guias locais e plantão 24 horas.

"Temos uma operadora exclusiva para viagens de mulheres, o que nos permite criar experiências pensadas com carinho e cuidado para elas", reforça Sheila Moureira, franqueada da agência.

 

Nicho em alta: viagens femininas já são 20%

Sheila conta ter percebido aumento de procura por viagens de mulheres de 30 a 60 anos de idade. E a alta já impacta positivamente os negócios: viagens solo representam cerca de 20% do faturamento de sua unidade, com potencial de crescimento impulsionado pela participação em redes de networking e grupos voltados ao público feminino.

Entre os destinos mais procurados na Clube Turismo estão Argentina, Nova York, Fernando de Noronha, além de roteiros de ecoturismo e hotéis boutique que oferecem experiências de bem-estar, gastronomia refinada e imersões culturais.

"O turismo feminino é mais que uma tendência — é um movimento que reflete transformações sociais e culturais. As mulheres estão viajando mais, com independência financeira e buscando experiências personalizadas. As agências que souberem atender a essa demanda com sensibilidade e segurança vão fidelizar um público extremamente engajado", pontua Ana Virgínia Falcão, CEO da Clube Turismo.

A contratação de seguro de viagem, vista como "mais um gasto" é essencial para cobrir imprevistos, como problemas com voos ou perda de bagagem.

Do hell ao frio: a experiência de uma carioca 'de Brasília' em Toronto

Antiga destilaria deu lugar ao Destillery District | Foto: Arquivo pessoal

Brasília, fevereiro, quase 30 graus, umidade baixa (como sempre), malas prontas, passaporte e visto em dia, check in feito antecipadamente, o destino? Toronto, no Canadá. O percurso ininterrupto leva de 10h a 10h30 pela companhia Air Canada, que retomou o trecho Rio de Janeiro-Toronto em dezembro passado. As operações são diárias de terça a sábado e com horários noturnos tanto de ida como na volta.

A bordo do Boeing 787-8 a conferência básica: tablet, celular e fones carregados. Uma sapatilha de meia para os pés ficarem bem confortáveis e... partiu frio!

A chegada em Toronto foi cheia de expectativa! A filha única grávida prestes a completar 9 meses esperava no Aeroporto Internacional Pearson de Toronto (YYZ).

A temperatura foi, literalmente, um choque térmico. Fevereiro é um dos meses mais frios do ano, apresentando temperaturas médias em torno de -7°C pela noite e 2°C de dia.

Ou seja, a temperatura de "menos" já era esperada, mas encarar uma sensação térmica de -25°C foi uma experiência surreal para uma carioca radicada em Brasília.

Passeio

Um dos passeios foi uma ida a um restaurante francês, o Cluny Bistro & Boulangerie, instalado no Destillery District, na zona industrial da cidade. Com um frio de muitos graus negativos, a alternativa foi fazer um programa "quentinho". Longe do que esperava, o preço - mesmo em dólar canadense - não foi surreal.

Caminhar pelo Destillery District foi uma experiência única: o local une passado e presente em cada detalhe das ruas de paralelepípedo e das construções.

Os tijolos aparentes da antiga destilaria Gooderham and Worts e seus galpões industriais, deram lugar a lojas, restaurantes, cafeterias, galerias e um amplo espaço a céu aberto.

Por ser fechada ao trânsito, caminhar pelas ruas é tranquilo e mistura passado, presente, cultura e história. 

Apesar de já estar em fevereiro, a Árvore de Natal da Christian Dior Parfums ainda estava montada iluminando as ruas do principal mercado de Natal do Canadá.

História

A destilaria funcionou por 153 anos e foi responsável por impulsionar o crescimento econômico de Toronto. No auge da produção, chegou a ser considerada a maior destilaria do mundo, especialmente pela fabricação de uísque e rum, duas boas pedidas para esquentar o clima gélido. Para quem não gosta de bebida alcoólica, a cidra aquecida tem um sabor especial.

Para entreter os visitantes, o Distillery District durante o inverno recebe o Toronto Light Festival, que reúne artistas canadenses e estrangeiros para exibir performances de luzes pelas ruas e iluminar os dias escurecidos do inverno de Toronto, de janeiro a março.

Planejamento é fundamental

Dentro ou fora do Brasil, ou até mesmo em viagens intermunicipais e estaduais, a escolha do local e o planejamento da viagem demandam um certo tempo.

Pesquisar datas comemorativas para onde pretende viajar, a temporada, a cultura local, o clima (para escolha certa da roupa), vacinas exigidas na região, e locais seguros - uma olhada no índice de violência é recomendável -, são os primeiros passos para a viajante solo.

Levantamento da Organização Mundial do Turismo (ONU Turismo) aponta que o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking das Américas, logo atrás de Estados Unidos, México, Canadá e República Dominicana.

No ano passado, o território brasileiro recebeu 6,8 milhões de turistas vindos de fora. A movimentação de viajantes é a maior desde o início da série histórica, em janeiro de 2000.

Os lugares listados como seguros e com boa infraestrutura para mulheres que viajam sozinhas no exterior são: Islândia, Espanha, Portugal, Canadá, Munique (Alemanha) e Dubai (Emirados Árabes Unidos).

Entre os destinos nacionais, o Brasil oferece opções incríveis como Fernando de Noronha, o Jalapão e Salvador, com sua rica cultura e praias.