Por: Jorge Vasconcellos

Com tarifaço de Trump, exportações brasileiras devem cair mais de US$ 5 bi

Porto de Santos | Foto: Divulgação

A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros reduziu de US$ 347,3 bilhões para US$ 341,9 bilhões o valor previsto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para as exportações brasileiras no 2º trimestre, uma queda de US$ 5,4 bilhões em relação ao 1º trimestre.

“Grande parte da redução nas exportações se deve ao aumento das tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros. É importante que essas taxas adicionais sejam reduzidas, pois as medidas compensatórias anunciadas pelo governo são positivas, mas não são capazes de substituir o mercado americano para um número grande de empresas e setores”, explica o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, ao comentar os dados do Informe Conjuntural do 2º trimestre, divulgado pela entidade nesta terça-feira (19).

Nos sete primeiros meses do ano, o setor exportou US$ 19 bilhões para os EUA, 7% a mais do que no mesmo recorte do ano passado. Parte do resultado positivo se deve à antecipação de importações pelas empresas americanas como resposta à nova política comercial dos EUA.

Apesar dos riscos de desvio de comércio e do crescimento da compra de bens intermediários e de bens de capital no 1º semestre, as importações devem perder ritmo no restante do ano por causa da desaceleração da atividade industrial. Projeta-se que as importações atinjam US$ 285,2 bilhões e não mais US$ 283,3 bilhões, como previsto.

Com isso, a balança comercial brasileira deve ser superavitária em US$ 56,6 bilhões em 2025, valor 14% menor do que no passado.

Embora o volume de exportações tenha crescido 2%, os preços das exportações caíram 2% entre janeiro e julho de 2025, segundo a CNI. Nesse cenário, as exportações totalizaram US$ 198 bilhões no período, ante US$ 197,8 bilhões entre janeiro e julho de 2024.

Crescimento menor da indústria

A CNI divulga ainda que, pressionada pelos juros altos e o cenário externo turbulento, a indústria deve crescer menos em 2025. A entidade reduziu de reduz de 2% para 1,7% a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do setor.

“Por outro lado, a projeção para a agropecuária é de alta significativa, passando de 5,5% para 7,9%. O setor, somado a um mercado de trabalho aquecido, deve sustentar o crescimento de 2,3% do PIB mesmo em meio ao aumento das tarifas americanas sobre as exportações brasileiras”, diz o Informe Conjuntural.
O diretor da CNI Mário Sérgio Telles ressalta que a composição do crescimento da economia para 2025 não deve ser tão positiva como no ano passado.

“Quando abrimos os números, identificamos um problema: os setores mais próximos do ciclo econômico, como a indústria e os serviços, têm apresentado um dinamismo cada vez menor. Nesse cenário, a projeção para o PIB não mudou porque a safra agrícola foi maior do que imaginávamos e o mercado de trabalho continua bastante aquecido, mas a composição do crescimento não é tão positiva”, avalia.