Por: Jorge Vasconcellos

Tarifaço: PIB do Brasil deve perder R$ 25,8 bi no curto prazo, diz estudo

Porto de Santos | Foto: Divulgação

A taxação de 50% sobre produtos brasileiros, decretado pelos Estados Unidos e que está previsto para entrar em vigor nesta quarta-feira (6), tem potencial para reduzir o PIB brasileiro em R$ 25,8 bilhões, no curto prazo, e em até R$ 110 bilhões, no longo prazo. Os dados são de projeção elaborada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Outro efeito perverso, segundo o estudo, é a possível eliminação de cerca de 146 mil postos de trabalho, formais e informais. Além disso, deve haver forte impacto na renda das famílias, que pode alcançar R$ 2,74 bilhões em até dois anos.

Segundo a Fiemg, apesar da isenção concedida a 694 produtos, o que representa cerca de 45% do valor exportado pelo Brasil ao mercado dos EUA, os efeitos sobre a economia brasileira ainda serão expressivos.

Os setores industriais mais atingidos, de acordo com o estudo, serão siderurgia, fabricação de produtos de madeira, calçados, máquinas e equipamentos mecânicos. Na agropecuária, os maiores danos serão sobre a pecuária, especialmente a cadeia da carne bovina, que continua fora da lista de isenções tarifárias e representa parcela significativa das exportações nacionais.

Exportações

Ainda conforme a Fiemg, o Brasil exportou cerca de US$ 40,4 bilhões para os Estados Unidos em 2024, o equivalente a 1,8% do PIB nacional. Metade desse valor é de combustíveis minerais, ferro e aço, e máquinas e equipamentos, que são setores diretamente afetados pelas novas tarifas.

O estudo da entidade industrial mostra também que os produtos brasileiros que seguem afetados pela taxação correspondem a cerca de 55% das exportações ao mercado dos EUA, somando cerca de US$ 22 bilhões. Entre os itens mais impactados estão café, carne bovina, produtos semimanufaturados de ferro e aço.

Comércio e Serviços

O tarifaço do governo Donald Trump coloca "em risco o equilíbrio macroeconômico, com possíveis efeitos negativos sobre o câmbio, o PIB, os investimentos e o emprego — inclusive em setores não diretamente exportadores, como comércio e serviços". Essa preocupação foi manifestada em nota divulgada pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS)

No comunicado, intitulado 'Posicionamento sobre a Taxação dos EUA a Produtos Brasileiros', a entidade afirma também que, "além dos impactos diretos nas cadeias produtivas, a medida se soma a outros desafios enfrentados pelo setor produtivo, como juros elevados, crescimento das apostas online e concorrência desleal de produtos importados".

Mesmo com exceções previstas no tarifaço, prossegue a UNECS, estudos já apontam impactos relevantes para a economia brasileira. "O momento exige cautela e diálogo. Confiamos na articulação do governo brasileiro e na força das instituições para defender os interesses nacionais com responsabilidade e diplomacia", diz a entidade.

"A UNECS se posiciona ao lado dos poderes constituídos na busca por soluções que preservem os fundamentos da economia brasileira, garantindo um ambiente produtivo forte, competitivo e sustentável", acrescenta o comunicado, assinado por Leonardo Miguel Severini, presidente da UNECS e da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores.