Por: Martha Imenes

Cartão de crédito é o vilão da inadimplência no país

Resultado foi superior ao dos demais estados do Sudeste | Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

A inadimplência no Brasil tem mostrado sinais preocupantes nos últimos dois anos, afetando tanto consumidores quanto empresas. Em junho, o Brasil registrou 77,8 milhões de pessoas com dívidas em atraso, segundo a Serasa.

De acordo com a pesquisa, pessoas de 41 a 60 anos (35,2%) são as que mais estão no vermelho. O valor médio da dívida e o tempo médio de atraso também estão em alta, sendo R$ 772 por acordo renegociado, e atraso de cerca de 27,7 meses.

Os vilões das dívidas são: cartão de crédito, crédito pessoal e carnês de loja.

Segundo os dados mais recentes da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a inadimplência no Brasil pode atingir 29,8% das famílias até o final de 2025, refletindo uma crescente fragilidade financeira entre os consumidores. O cartão de crédito aparece como o principal responsável pelo endividamento, sendo utilizado por mais de 83% dos lares endividados.

"Apesar de ser um instrumento útil, seu uso excessivo — especialmente o rotativo, com juros acima de 400% ao ano — tem levado muitas famílias ao limite", avalia a planejadora financeira, Myrian Lund.

Em São Paulo

A inadimplência entre as famílias que vivem na capital paulista cresceu em julho, atingindo o maior patamar desde abril de 2024, apontou um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Segundo a federação, o percentual de lares inadimplentes passou de 21,6% em junho para 22,1% em julho, com 905,7 mil lares com contas em atraso na cidade de São Paulo. Também houve aumento na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foi registrado 19,9% de inadimplência.

O levantamento apontou aumento entre os lares que não vão conseguir quitar as dívidas, que passaram de 8,2% há um ano para 9,1% em julho deste ano.

O percentual de lares com dívidas passou de 71,4% para 70,9%, o que representa cerca de 2,9 milhões de famílias.

Segundo a federação, o mercado de trabalho aquecido e a inflação sob controle devem ajudar a conter a deterioração do cenário financeiro.

 

Confira dicas para não ficar inadimplente

Para sair do vermelho

• Organize suas finanças: liste todas as dívidas, contas fixas e variáveis. Priorize o pagamento das mais urgentes, como água, luz e cartão de crédito.

• Renegocie suas dívidas: use o Serasa Limpa Nome, que oferece condições especiais e até 99% de desconto para quitar débitos.

• Evite novas dívidas: reduza o uso do cartão de crédito e cheque especial, que têm juros altos. Se possível, troque dívidas caras por empréstimos com juros menores, como o consignado.

• Planeje seus gastos: mantenha suas despesas abaixo de 70% da sua renda mensal. Isso cria margem para imprevistos e evita o uso de crédito rotativo.

• Busque renda extra: trabalhos alternativos ou freelas podem ajudar a gerar dinheiro para quitar dívidas.

Para não voltar

• Controle o fluxo de caixa: acompanhe entradas e saídas de dinheiro com planilhas ou aplicativos financeiros. Ou com o bom e velho caderninho.

• Analise o risco de crédito: se você tem um negócio, avalie o perfil dos clientes antes de vender a prazo.

• Crie uma reserva de emergência: mesmo pequena, ela ajuda a lidar com imprevistos sem recorrer a empréstimos em bancos ou com terceiros.

Como negociar dívida no cartão

Vilão da inadimplência, o cartão de crédito não precisa ser visto como um bicho de sete cabeças. Dá para negociar e sair da inadimplência. Os juros altos, os prazos apertados e os limites que podem ultrapassar o orçamento, fazem com que o cartão de crédito possa rapidamente se transformar num vilão financeiro.

Se você acumulou uma dívida no cartão de crédito, o primeiro passo é não entrar em pânico. A situação pode parecer complicada, mas é possível mudar o cenário com ações bem direcionadas.

Primeiro, faça um levantamento do valor total da dívida, incluindo todos os encargos, como juros, taxas de atraso e multas. Pode ser que esse número te assuste à primeira vista, mas conhecer os detalhes é fundamental.

A partir daí você estará mais preparado para buscar uma solução. Se possível, evite o pagamento mínimo, porque essa prática apenas aumenta a dívida no longo prazo.

O ideal é buscar a renegociação o quanto antes. A boa notícia é que muitas administradoras de cartões estão dispostas a negociar condições mais favoráveis de pagamento, especialmente se o consumidor mostrar disposição em quitar o débito.

Antes de tudo, entre em contato com a central de atendimento ou acessar o aplicativo do seu cartão de crédito. Muitas vezes, eles já existem opções de parcelamento prontas para situações como essa. Mostre que você quer resolver o problema, mas que precisa de condições que realmente consiga pagar. Antes de procurar a instituição tenha em mente quanto pode pagar por mês sem comprometer o essencial, como a moradia e a alimentação.