Por: Redação

Brasil pode atrair investimentos em meio à tensão, diz especialista

Beatriz Passos, especialista global de compliance | Foto: Divulgação

O aumento das barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos à China, como a tarifa de 50% sobre veículos elétricos, pode reposicionar o Brasil como destino estratégico para empresas chinesas em busca de novos mercados. Para a especialista global de compliance Beatriz Passos, esse cenário cria uma janela de oportunidades para o país, que precisa estar atento às movimentações geopolíticas e comerciais em curso.

Segundo Beatriz, as restrições dos EUA afetam diretamente a estratégia de expansão global das montadoras chinesas, e o Brasil surge como uma alternativa viável. O tamanho do mercado interno, a estrutura industrial consolidada e o avanço na demanda por veículos mais sustentáveis tornam o país atraente para produção local e investimentos de médio e longo prazo.

Ela destaca que o Brasil pode se tornar uma espécie de “porto seguro” para marcas chinesas que enfrentam maior resistência em mercados como Europa e Estados Unidos. A tradição diplomática brasileira, marcada pela abertura comercial e pela diversificação de parcerias, favorece esse movimento.

Beatriz alerta que uma aproximação mais intensa entre Brasil e China pode gerar reações dos Estados Unidos, especialmente em setores considerados estratégicos, como tecnologia e mobilidade. Ainda assim, reforça que o país tem autonomia para conduzir suas relações internacionais com foco em seu próprio desenvolvimento econômico.

A disputa entre as grandes potências também pode redirecionar o fluxo de investimentos globais. De um lado, o Brasil pode atrair empresas que buscam fugir da tensão entre EUA e China. De outro, existe a possibilidade de empresas já integradas a cadeias ocidentais adotarem uma postura mais cautelosa, com receio de exposição a riscos geopolíticos. O equilíbrio, segundo ela, será fundamental.

Na visão da especialista, o consumidor brasileiro tende a se beneficiar com essa reconfiguração. A entrada de novas marcas, especialmente no setor de veículos elétricos e híbridos, pode ampliar a concorrência, reduzir preços e acelerar o acesso à inovação. No entanto, é necessário acompanhar os impactos sobre a cadeia produtiva já existente, que pode sofrer com mudanças no perfil competitivo do mercado.

Beatriz conclui que o Brasil tem a chance de ocupar um papel estratégico na nova ordem econômica internacional, mas será preciso agir com planejamento, visão de longo prazo e habilidade para dialogar com diferentes blocos de poder.