Por: Jorge Vasconcellos

Na OMC, Brasil denuncia tarifaço de Trump, cita "atalho perigoso para a guerra" e é apoiado por 40 países

Lula e Trump | Foto: Ricardo Stuckert/Andrea Hanks-White House

Em reunião do Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), nesta quarta-feira (23), em Genebra, o Brasil fez duras críticas, sem citar os Estados Unidos e o presidente Donald Trump, ao uso crescente de tarifas como instrumento de coerção política por parte de grandes potências. Além disso, apelou que outros países acelerarem reformas para resguardar o sistema comercial multilateral baseado em regras comuns.

Ao levar à principal reunião da entidade multilateral a guerra tarifária de Trump contra o mundo, o Brasil recebeu o apoio de 40 países, incluindo os Brics.

Além de China, Rússia, África do Sul e outros sete países que são parte dos Brics, o governo brasileiro ganhou apoio de peso de nações como Canadá e da União Europeia.

A Manifestação do embaixador Philip Fox-Drummond Gough ocorre em meio às repercussões da ameaça do presidente Trump de taxar em 50% produtos brasileiros importados pelos EUA a partir de 1º de agosto.

Como argumento, o republicado afirma ser uma “caça às bruxas” o processo do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de liderar uma conspiração para um golpe de Estado.

“Tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas de forma caótica, estão desestruturando as cadeias globais de valor e correm o risco de lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação”, alertou Gough, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty.

“Estamos testemunhando agora uma mudança extremamente perigosa em direção ao uso de tarifas como uma ferramenta na tentativa de interferir nos assuntos internos de terceiros países. As negociações baseadas em jogos de poder são um atalho perigoso para a instabilidade e a guerra”, acrescentou.

O diplomata também reafirmou que o Brasil é comprometido com o Estado de Direito e a solução pacífica de controvérsias e continuará priorizando soluções negociadas. “Mas, se as negociações fracassarem, recorreremos a todos os meios legais disponíveis para defender nossa economia e nosso povo”, alertou.

Reforma da OMC

O embaixador também reforçou a visão do Brasil de que é urgente uma reforma da OMC. Ele ressaltou que, enquanto o mundo observa um “ataque sem precedentes ao sistema de comércio multilateral e à credibilidade da OMC”, as instâncias de resolução de controvérsias da entidade estão paralisadas e citou artigo recente do presidente Lula (PT) que defende um novo multilateralismo capaz de responder às crises globais contemporâneas.