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Impactos negativos no mercado

Com a Selic em 15%, o maior nível desde 2006, diversos setores da economia sentem os efeitos de uma política monetária mais restritiva. A justificativa do Banco Central para manutenção da taxa em alta é a contenção da pressão inflacionária, principalmente em serviços e alimentos. Se de um lado o juro alto segura a inflação, do outro pode desacelerar o crescimento da economia e pode elevar o desemprego, especialmente em setores dependentes de consumo.

E o efeito negativo vem em cascata: a indústria da construção civil sofre com o encarecimento do crédito e projetos de expansão e modernização são adiados; os setores de comércio e varejo enfrentam queda no consumo, causada pelo crédito mais caro e pela menor confiança do consumidor; serviços, como educação, saúde privada e lazer enfrentam evasão de consumo e fundos imobiliários e mercado de ações perdem atratividade.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad avalia que Selic está "muito acima da inflação projetada" e que essa é uma política monetária "muito restritiva" que pode comprometer o crescimento.

Embora ligada ao agronegócio e considerada uma voz influente no Centrão, a deputada Tereza Cristina (PP-MS) também criticou a Selic elevada por dificultar o Plano Safra 2025/2026, essencial para o financiamento da produção agrícola. Ela questionou se o governo Lula vai "reclamar do 'seu' Banco Central" diante da alta dos juros.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem afirmado que a alta taxa de juros real, que chegou a 9,8% ao ano, está prejudicando a competitividade da indústria brasileira.